quinta-feira, 30 de junho de 2022
segunda-feira, 27 de junho de 2022
Proposta para realização de auditorias remotas em fornecedores
Proposta para realização de auditorias
remotas em fornecedores
A ANVISA estabeleceu, por meio do
Anexo VI do POP-O-SNVS-002, a condução da inspeção por meio remoto para os
entes da vigilância sanitária.
Diz uma parte do texto: “preferencialmente,
a autoridade local deve participar de forma presencial no estabelecimento
inspecionado, enquanto os demais entes participam de forma remota, por meio de
videoconferências”.
Isso significa a não obrigatoriedade
de estar fisicamente presente nas instalações, considerando o evento atual de
força maior, leia-se Covid19, mas na medida do possível deverá estar presente.
Segundo este anexo VI, a auditoria remota envolve as reuniões com a empresa, a análise documental, os
questionamentos sobre os processos produtivos, controle de qualidade e
almoxarifados, entre outros aspectos, avaliação virtual às áreas de fabricação
da empresa e a elaboração conjunta do relatório de inspeção.
E como fazer para que empresas
fabricantes de medicamentos possam utilizar este método com seus fornecedores
de produtos e serviços?
O advento da pandemia criou as
condições e os mecanismos necessários para aumentar a produtividade e
efetividade das atividades de inspeção, por meio remoto.
É possível utilizar esta ferramenta
para a rotina entre os entes privados? A resposta é sim, respeitadas
determinadas condições. É o que pontuo a seguir.
I. Decisão para realização de
auditoria remota
Não podemos (e, sobretudo, não
devemos) acreditar que auditoria remota será a solução mágica para todas as
dificuldades e desafios que a equipe de auditoria em fornecedores enfrenta,
pois não será. Em determinados casos não é possível realizar uma boa e
confiável auditoria unicamente pelo meio remoto.
Uma solução adequada seria a tomada de
decisão com base em uma análise de risco consubstanciada por elementos
técnicos, operacionais e de segurança pessoal e patrimonial, tanto para
auditores e auditados.
Concretamente, devemos levar em conta
os principais objetivos de uma auditoria que são: garantir a qualidade,
segurança e eficácia dos medicamentos entregues à população.
E assim, proponho a adoção de fatores
de risco que devem ser considerados na decisão:
a)
Pandemia do COVID-19: por razões do atual
momento, seria um fator crucial.
b)
Risco do próprio fornecedor, já
conhecido e determinado pela empresa: pode ser um IFA que tenha elevado
potencial de instabilidade, geração de impurezas que devem ser controladas
estritamente, pode ser um produto crítico da empresa (como estéril), IFAs com potencial
de sensibilidade, somente para citar alguns.
c)
Fatores estabelecidos por uma matriz
de risco: uma matriz de risco desenvolvida para classificar o grau de risco de
um fornecedor, estabelecendo os períodos entre uma auditoria e outra, se será
por meio remoto, misto ou presencial. Conforme o grau de severidade, poderá
servir de ferramenta para planejar as auditorias, partindo-se das mais críticas
para as de menor risco.
Deste modo, os fornecedores poderiam
ser classificados como:
Grau A:
podem ser auditados remotamente;
Grau B:
podem ser auditados remotamente (documentos, entrevistas, reuniões) e
presencialmente (visitas às instalações para verificar os locais de produção,
armazenamento, equipamentos e processos)
Grau C:
podem ser auditados unicamente por meio presencial.
II. Planejamento da inspeção
A inspeção remota não difere muito da
inspeção presencial nos seus aspectos de preparação e as atividades podem ser:
a)
A empresa deve ser comunicada com
antecedência suficiente e ser informada da auditoria por meio remoto.
b)
Empresa auditora e empresa auditada
devem possuir tecnologia de videoconferência e acesso à internet de boa
qualidade e velocidade.
c)
Uma lista de documentos que devem ser
digitalizados antecipadamente à inspeção e enviado à equipe de auditoria da
empresa.
d)
Realização de reuniões por
teleconferência para definição da agenda de auditoria.
e)
A empresa auditora pode seguir o
planejamento de inspeção e elaboração da agenda, conforme o seu procedimento interno
de auditorias presenciais.
III. Condução da inspeção
a)
Realização de reunião inicial com
todos os membros da equipe inspetora para esclarecer o fornecedor sobre as
atividades da inspeção.
b)
Realização de reuniões diárias entre
os membros da equipe por teleconferência para discussão do andamento da
inspeção, dos achados e possíveis trilhas de auditoria.
c)
A equipe remota pode realizar reuniões
adicionais com a empresa durante todo o decorrer da inspeção, para
esclarecimento de dúvidas quanto aos documentos avaliados e para solicitar
novos documentos, se necessário.
d)
A inspeção nas áreas de produção,
qualidade e almoxarifados deve ser feita com ferramenta de videoconferência
apropriada para que os auditores remotos possam acompanhar estas atividades.
e)
Definição de um meio formal (e-mail
institucional, pasta na nuvem ou outro meio definido pela equipe) para que a
empresa auditada forneça os documentos solicitados. Esta é uma situação
bastante importante, pois o sigilo, a confidencialidade e a segurança das
informações do fornecedores devem ser preservados.
f)
Definição de horários para as
atividades de inspeção remota a serem realizadas.
g)
Realização do fechamento da auditoria
em uma reunião por videoconferência apontando as não conformidades encontradas,
principalmente as críticas e instruindo o fornecedor a estabelecer prioridade
para solucionar estas não conformidades em um tempo que seja o mais breve
possível.
h)
Demais instruções para auditorias presenciais
podem ser seguidas no procedimento operacional da empresa auditora.
IV. Relatório de inspeção
As atividades de elaboração,
discussão, revisão e entrega do relatório de inspeção ao fornecedor devem ser
realizadas conforme previsto no procedimento interno da empresa auditora.
Nota: Em todas as reuniões virtuais/remotas, utilizar-se de
ferramenta de teleconferência segura, que atenda à equipe de auditoria e à
empresa auditada.
V. Comentários
finais
Nada
substitui uma auditoria presencial, pois presencialmente serão visualizados detalhes
e situações que remotamente são difíceis de serem observados ou percebidos.
Além disso, perde-se o benefício de estar presente questionando e observando os
executores dos processos, operações e atividades no exato momento de sua ocorrência.
Para
determinados insumos e fornecedores, assim como fabricantes de medicamentos
terceirizados, entendo que a auditoria presencial é crucial, mas uma situação
mista, baseada em análise de risco (remota + presencial) é bem razoável.
Em outros
casos, como o das embalagens secundárias e terciárias, dos excipientes não
críticos, dos serviços (exceto produção, controle de qualidade, armazenagem, distribuição
e transporte) a auditoria unicamente remota me parece bem aceitável.
Por isso, a
análise dos riscos envolvidos é importante ferramenta para a decisão e seleção
da auditoria remota.
Os
benefícios de economia de tempo em deslocamentos e o consequente aumento da
produtividade são grandes, sobrando assim, tempo adicional para uma elaboração
mais consistente do relatório final de auditoria.
Saudações a
todos e até o próximo artigo.
e-mail: jaircalixto@uol.com.br
Jair Calixto
Pharmalliance Assessoria Ltda. 08/05/2021
jaircalixto.farma Jair Calixto Canal BPF
domingo, 19 de junho de 2022
Nanotecnologia: Benefícios e Desafios à inovação farmacêutica
Nanotecnologia:
Benefícios e Desafios à inovação farmacêutica
por Jair Calixto*
1) Sumário
Introdução
Histórico
Definições/Conceitos
Nanotecnologia
ciência
Aplicações
Fabricação
de produtos nanotecnológicos
Riscos/Toxicologia
Nanotecnologia
controlada
Nanotecnologia
descontrolada
2) Introdução
A
nanotecnologia é uma ciência que vem se desenvolvendo nas diferentes áreas do
conhecimento humano. Na área da saúde, sua maior evolução vem ocorrendo na
Cosmética, mas os avanços e os trabalhos demonstrados nas ciências
farmacêuticas são notórios e as possibilidades de obtenção de produtos
farmacêuticos nanotecnológicos são imensas e já há formas farmacêuticas
baseadas em nanotecnologia.
Termos como
nanomedicina e nanobiotecnologia já aparecem com freqüência no vocabulário
científico.
3) Histórico
A
nanotecnologia não é uma ciência recente, mas data de cerca de 200 anos. Desde
o século 18 já se conhecem produtos com aplicação de tecnologia de
nanopartículas.
Novo fenômeno
que se processa em escala nanométrica.
É uma eficiente
escala de fabricação:
–
Menos espaço
–
Menos energia
–
Mais Rápida
Figura 1- escala da evolução da ciência, desde a
revolução industrial.
A ciência e as aplicações
da nanotecnologia estão se desenvolvendo a um passo muito rápido. Em 1990, aproximadamente
1.000 publicações científicas sobre nanotecnologia foram publicadas e aproximadamente 200 solicitações de patentes (no mundo) foram feitas. Em 2002, o número de
publicações tinha alcançado mais de 22.000 com mais de 1.900 patentes. Este crescimento
exponencial em publicações científicas e patentes é o resultado da aumentada
descoberta e dos investimentos em nanotecnologia que, provavelmente resultará
em substanciais e contínuas mudanças em produtos.
4) Definições/Conceitos
•
Nanomedicina
“Nano” tem se tornado um clichê no mundo da descoberta de
medicamentos.
–
A
disponibilidade de fármacos no local desejado dentro de um sistema fisiológico.
–
Distribuição
fisiológica seletiva e manutenção dos níveis terapêuticos.
–
Desenvolvimento
de novos fármacos para o tratamento do câncer.
Nanotecnologia é um campo multidisciplinar – física e química
acopladas à biologia.
•
Nano-encapsulação
de fármacos pode resultar em à
–
Aumento da Biodisponibilidade.
–
Especificidade do alvo.
–
Distribuição
e manutenção seletiva fisiológica dos níveis terapêuticos em um sistema
fisiológico por longos períodos de tempo.
Estes parâmetros são controlados através da variação no
tamanho das nano-encapsulações.
Nanotecnologia é a criação de materiais utilizáveis e
funcionais, aplicações e sistemas, através do controle da matéria no
comprimento de escala nanômetro e exploração das propriedades físicas, químicas e biológicas
naquele comprimento de escala. Envolve a criação e uso de materiais e
dispositivos no nível das moléculas e átomos.
–
Pesquisa
em nanotecnologia começou com descobertas
de novas propriedades físicas e químicas de diversos materiais metálicos ou
baseados no Carbono que somente aparece em estruturas com
dimensões nanométricas.
Já a Nanomedicina,
refere-se a uma altamente específica intervenção médica em escala molecular para curar doenças ou
reparar tecidos danificados, tais como, os ossos, músculos ou nervos.
Nanopartículas
Nano partículas:
1-300 nm (?) – Limite de tamanho para 100 nm?
Moléculas orgânicas, moléculas de fármacos, pequenos peptídeos
possuem tamanho de 1-2 nm;
Proteínas estão entre 2-5 nm
Vírus estão entre 25-80 nm.
Preparações lipossomais são suspensões de partículas > que
150-200 nm.
Nano-contentores como lipossomas; nano-contentores encapsulando
fármacos e nanocarreadores, têm se tornado a mais importante área da nanomedicina.
•
Nanocarreadores
farmacêuticos objetivo-alvo para terapia de câncer e imagem.
•
Carreadores
de fármacos usados para administração parenteral são biodegradáveis, tamanho de
partículas pequeno, circulação prolongada, entrega com objetivo-alvo.
Quão
pequeno é "nano"?
Tecnicamente, um nanômetro é 1 bilionésimo de um metro.
São dimensões entre aproximadamente 1 e 100 nanômetros, conhecidos como nanoescala. Propriedades físicas, químicas e biológicas, não usuais, podem emergir em materiais na nanoescala. Estas propriedades podem diferir de importantes maneiras das propriedades do granel do material e dos átomos ou moléculas.
Figura 2 – Escala nanométrica. Referência: Dr. Salomon Stavchansky
Por que usar Nano?
size |
number |
Total Surface area |
1 cm |
1 cubo |
6 cm2 |
1 mm |
1000 cubos |
60 cm2 |
1 µm |
1 x 1012 cubos |
6.000cm2 |
1 nm |
1 x 1021 cubos |
60.000.000 cm2 (600km2) |
Tabela 1 – Escala de comparação nanométrica. Referência: Dra Nadia Bou Chacra
Resposta: porque
aumenta a superfície de contato, pelo aumento da área.
Nanotecnologia ciência
A
nanotecnologia é uma ciência multidisciplinar, que não existe isoladamente, mas
acompanhada de outras ciências conhecidas e desenvolvidas pelo homem, como:
•
Física
•
Química
•
Ciências dos Materiais
•
Biologia
•
Medicina
•
Agricultura
•
Ciências do meio ambiente
•
Fabricação
farmacêutica e Insumos Farmacêuticos Ativos
Assim, o
desenvolvimento de qualquer produto requer a interdisciplinariedade das áreas
envolvidas, cada uma com uma parcela importante de participação no processo.
5) Aplicações
As
possibilidades de uso são as mais diversas e podemos encontrar produtos
nanotecnológicos em várias áreas do conhecimento humano. São aplicações
conhecidas atualmente:
Automóveis
Mecânica
Tintas especiais
Cosméticos
Lentes para óculos
Melhoria na
transmissão de energia – supercondutores
Novas formas
de computação
–
Armazenagem de dados eletrônicos
Melhoria na qualidade dos alimentos.
Transportes
Indústria da Construção
Indústria Farmacêutica
Nanotubos de carbono
Eletrônica Molecular
Nanocircuitos Inorgânicos
Nanotubos de Proteínas
Genomica
Nanotecnologia Computacional
5.1) Produtos com
aplicações na área da saúde
•
Nanomedicamentos
Fármacos
formulados como nanocarreadores.
Um novo método confiando na nanotecnologia para medir as metástases
dos tumores pela detecção da quantidade circulante de células tumorais na corrente
sanguínea.
Nanomedicina baseada em câncer targeting.
Nanomedicina
•
Nanodiagnósticos
–
Identificar doenças no nível
molecular utilizando sondas
inteligentes que detectam sinais patológicos no nível das células in vivo e/ou
in vitro.
•
Medicina Regenerativa
–
Mecanismos
integrados de reparação humana com nanoestruturas, para tratar doenças, tais
como, COPD, cardiovasculares, alergias, osteoartrite, sistema nervoso central.
•
Nanodisposição de fármacos – Alvo
–
O
objetivo é gerenciar ADME, PK-PD, imunogenicidade e sistemas de bio-reconhecimento.
•
Formulação de medicamentos.
•
Rotas de Administração.
Nanotecnologia
em Sistemas Biológicos
•
Sistemas
de Nanodisponibilidade para otimizar de entrega de fármacos para órgãos-alvo.
–
Gens e proteínas carreadoras
–
Modificadores de superfície
•
Biomarcadores
–
Em diagnósticos.
–
No
monitoramento da progressão de doenças.
•
Preservativos para melhorar estabilidade.
•
Melhorar
a Farmacocinética.
Aplicações Médicas
•
Medicamentos
revestidos (cobertos)
•
Nanopartículas
para tratamento da asma
•
Nanosondas
para monitorar plaquetas de gordura
•
Nanofibras
para tratamento de cárie dentária
•
Nanoeletrodos
para recuperar a função cerebral
•
Nanopartículas
para tratamento da rejeição ao
transplante dos pulmões e coração.
•
Nanopartículas no tratamento do câncer
–
Modificação
da superfície de lipossomas
Medicina e Saúde
•
Eficiente
e Rápido sequenciamento do Genoma
–
Diagnóstico e Terapêutica
–
Sistema
de saúde efetivo, barato, usando dispositivos remotos e in vivo.
•
Novas
formulações e rotas para a entrega de fármacos.
•
Tecidos
e órgãos artificiais mais duráveis e resistentes à rejeição.
•
Sistemas
Sensores que detectam o aparecimento e a progressão de doenças
•
Reversão
e prevenção da cegueira através do cordão espinal e regeneração da retina.
•
Regeneração
do coração após infarto.
•
Cura da doença de Parkinson
•
Cura da doença de Alzheimer
•
Acesso a novas cartilagens
•
Reparação de ossos
•
Novos dentes
5.2) Produtos com
aplicações na área da saúde
Nanoemulsões
Nanoemulsões para aplicações intravenosas
•
nutrição parenteral
•
nanoemulsões como sistemas de liberação de
fármacos
Nanoemulsões para administração
oral
Nanoemulsões para
aplicações dermatológicas
|
Nanocristais
Produtos
farmacêuticos orais
Produtos
farmacêuticos tópicos
Cosméticos
Suplementos nutricionais
Agroquímicos
Exemplos de nanocristais, comparando-os com macrocristais
Nanoparticulas lipídicas
•
Nanoparticulas lipídicas no estado sólido:
Derivadas de emulsões
O/A, simplesmente substituindo o líquido lipídico (= óleo) por um um sólido lipídico (i.e. sólido à temperatura
corporal)
•
SLN – Nanopartículas
Lípicas Sólidas
Produzidas
de sólidos lipídicos apenas
•
NLC – Carreadores
Lipídicos Nanoestruturados:
Produzidos de misturas de lipídeos sólidos
e líquidos, mas as partículas estão no estado sólido à temperatura corporal.
Produtos comerciais:
- aplicação
dermatológica
- administração oral (fármacos pobremente solúveis)
Figura 4 - mecanismo de liberação de fármacos
usando NLC
Lipossomas
Os lipossomas são partículas
(pequenas esferas) microscópicas de lipídeos (gorduras) que, graças à porção
hidrofílica dos seus constituintes, retêm água na sua estrutura podendo
encapsular substâncias de naturezas diversas (Figura 2). Estas partículas esféricas de lipídeos possuem
tamanhos que variam de algumas dezenas de nanômetros (1 milhão de vezes menor
que 1 milímetro) a alguns micrômetros (1000 menor que 1 milímetro), apenas
visíveis em microscópios de alta resolução.
Na área da cosmética, os
lipossomas são utilizados, tanto para aumentar a incorporação de substâncias
ativas nas células, como veículos de libertação controlada de princípios
ativos. Têm sido empregados na prevenção da queda de cabelos, promoção do
crescimento capilar, desaceleração do processo de envelhecimento da pele, clareamento
da pigmentação cutânea e prevenção e tratamento da lipodistrofia ginóide
(vulgarmente conhecida por celulite).
Possuem capacidades de hidratação e de nutrição da pele, além de poderem
servir de veículos a outras substâncias, nomeadamente, vitaminas e fármacos de
ação tópica como anti-inflamatórios e antifúngicos.
Além da sua aplicação mais generalizada em produtos
cosméticos, recentemente tem sido
investigada a possibilidade de utilizar os lipossomas para fármacos como aqueles
utilizados em oncologia e de alguns antibióticos. Neste caso, os lipossomas
apresentam a grande vantagem de permitirem veicular o princípio ativo no local
a ser tratado e promover a liberação controlada e localizada do fármaco.
Figura 5 - (A): Lipossoma unilamelar contendo substâncias ativas solubilizadas na fase aquosa e na bicamada lipídica; (B) Corte transversal de lipossoma unilamelar. (Figuras obtidas de Chorilli et al., 2004, Infarma 16 (7-8): 75), do trabalho Lipossomas e as suas aplicações na actualidade - Célia Antunes - Universidade de Évora – Departamento de Química
Microemulsões
Não é uma emulsão real.
Ø Não é uma emulsão em
tamanho micro!
Ø Nome foi criado antes
do nome „nanoemulsões“
Ø Nome significa menor
que macroemulsões
Composição das microemulsões
Ø Fase água
Ø Fase óleo
Surfactante e co-surfactante
Propriedades:
Ø Termodinamicamente estável
Ø Auto formadora
Ø Tensão interfacial de 0!
Ø Solução crítica
Ø Aparência clara
Ø Normalmente baixa viscosidade. Produtos:
Ø Capsoft (dermal)
Ø Voltaren Emugel (dermal)
Ø Sandimmun Optoral (oral)
Produtos
farmacêuticos,
contendo nanopartículas, já foram liberados e aprovados para
comercialização:
− Lipossomas
(i.e. Caelyx, Myocet);
−
Substâncias Poliméricas (i.e. Copaxone);
– Produtos usando tecnologia NanoCrystal
(Rapamune, Elan Drug Technologies);
–
Nanopartículas de Albumina (Abraxane).
6) Fabricação de produtos
nanotecnológicos na área farmacêutica
Produtos nanotecnológicos na forma
de pós ou comprimidos, que poderiam possuir a capacidade de liberar partículas
ao meio ambiente, deverão ser manipulados e fabricados em áreas segregadas, com
eficiente sistema de exaustão de pós e filtros adequados. Hoje produtos como hormônios,
citostáticos, antibióticos, entre outros já têm a obrigatoriedade de serem
fabricados em áreas segregadas, com fluxo exclusivo e sistema de ar
independente, de modo a evitar a contaminação de pessoas e produtos.
Produtos líquidos e suspensões não correm estes riscos, pois
a sua forma evita a contaminação do ambiente.
7) Riscos/Toxicologia
Podemos dividir em Nanotecnologia controlada
e Nanotecnologia não controlada. A nanotecnologia controlada possui controle
adequado, provoca benefícios aos pacientes, tem um balanço e equilíbrio entre
resultados e efeitos adversos.
Nanopartículas
menores, da ordem de 1 – 20nm, possuem longo tempo de
residência na corrente sanguínea e baixa do sistema vascular para os espaços intersticiais
Nanopartículas
de 30 – 100 nm são suficientes para evitar vazamentos para dentro
dos capilares e evitar o sistema reticuloendotelial
Nanopartículas
maiores que >100 nm parecem ser
filtradas mais facilmente no organismo.
7.1) Nanotecnologia
controlada
Instalações, EPI, EPC
Para produtos que possam ser extravasados para o ambiente e
provocar algum
risco para os profissionais que manipulam
o produto é necessário o uso de máscaras, luvas, roupas especiais, salas
especiais com pressão positiva. Este procedimento é comum atualmente para os
produtos hormonais, citostáticos e antibióticos. Atualmente a produção de
certos medicamentos é realizada por meio de áreas segregadas (certos
antibióticos, hormônios, citostáticos). A RDC nº 17/2010 contém requisitos, em
seu artigo 125, que limitam a fabricação
destes produtos, de modo que eles sejam fabricados em áreas únicas, sem
misturas com outros produtos.
Liberação e aprovação por órgão regulador, baseada em testes
clínicos.
Avaliação de efeitos colaterais e secundários, indesejados,
como outro fármaco qualquer, antes de ser introduzido na terapia.
Os efeitos adversos têm relação com farmacovigilância,
devidamente regulados e controlados pela ANVISA. Todo e qualquer medicamento
deve conter relato de efeitos colaterais e efeitos adversos constantes do
dossiê de registro de um medicamento. A aprovação da ANVISA certifica que a
indústria pode comercializar o medicamento. Estes são os riscos maiores dos
produtos nanotecnológicos e caberá à indústria provar a segurança dos
medicamentos para ter seu produto aprovado.
Todos os estudos encontrados até agora dizem respeito à
pesquisa de efeitos adversos dos
produtos quando ingeridos ou
aplicados por meio de suas diversas formas farmacêuticas, como em qualquer
pesquisa farmacêutica. A diferença é que estamos conhecendo agora os
nanoprodutos e assim, no futuro breve teremos mais informações e formas de
controlar estes efeitos. Como toda ciência e todo desenvolvimento.
Alguns estudos de inalação de partículas nanométricas referem-se
a produtos da indústria mecânica, tintas, de materiais, poluição, etc. Não há
relação destes com a indústria farmacêutica.
7.2) Nanotecnologia
descontrolada
É aquela derivada de partículas oriundas da poluição
ambiental, dos automóveis, dos fumos produzidos pelas indústrias de diferentes
setores.
8) Conclusões
ü Nanomedicamentos são uma importante
tecnologia para novos medicamentos e novas formas de administração, com atuação
direta nos sítios de ação. Esta nova forma de disponibilização do fármaco
reduzirá efeitos colaterais e indesejáveis, pela diminuição dos fármacos no
sistema circulatório, alocando-o diretamente no alvo=sítio de ação (célula,
órgão, molécula).
ü Nanomedicamentos não serão produtos
farmacêuticos bem-sucedidos até que tenham sido investigados e estudados os vários
aspectos de Qualidade, como a estabilidade.
ü É preciso esforços do Brasil para acompanhar o
desenvolvimento desta ciência, com a implantação de centros, desenvolvimento de
estratégias, implemantação de estruturas e aplicação de recursos. O MDIC já
começa a atuar em alguns campos da Nanotecnologia.
ü Para os nanomedicamentos emergentes
serem bem sucedidos, juntamente com sua Eficácia e Segurança, os aspectos de Qualidade
incluindo estabilidade farmacêutica, devem ser investigados.
ü Produtos como nanoemulsões,
lipossomas, microemulsões, já estão no mercado há muito tempo e não se tem
notícia de problemas de toxicidade. Os cosméticos foram pioneiros neste campo.
REFERÊNCIAS
Salomon Stavchansky, Ph.D.- Alcon
Centennial Professor of Pharmaceutics The
University of Texas at Austin College of Pharmacy Austin, Texas 78731
Vinod P. Shah, Ph. D. - Pharmaceutical
Consultant – FIP
Nadia Bou
Chacra, Prof. Dra. – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – USP.
Profa.
Dra. Maria Helena Andrade Santana – Faculdade de Engenharia Química
da UNICAMP.
Prof. Rainer Miller – Universidade de Berlim - Alemanha
Profa. Cornelia M. Keck – Universidade de Berlim - Alemanha
24 Agosto, 2011
**Jair Calixto é farmacêutico e consultor, tendo vivência
de 50 anos na área farmacêutica
e-mail: jaircalixto@uol.com.br
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