domingo, 15 de fevereiro de 2015

 DESAFIOS DA LOGÍSTICA FARMACÊUTICA NO BRASIL
* Jair Calixto




Sumário
1- Introdução
2- Normas
3- Requisitos Técnicos e de Qualidade
4- Desmistificação dos conceitos
5- Desafios da Logística Brasileira
            5.1  Como a logística pode se tornar vantagem competitiva para as empresas
6- Tendências
7- Conclusões
           

1- Introdução
O transporte de medicamentos no Brasil tem diversas peculiaridades, pois, diferentemente do transporte de outros bens, requer cuidados específicos devido a suas características de estabilidade e sensibilidade aos fatores temperatura, umidade e manuseio, que afetam a segurança, qualidade e eficácia do produto.  
Por esta razão, medicamentos requerem armazenagem e transporte diferenciados dos demais produtos.
Neste contexto, os problemas e desafios da cadeia logística de medicamentos no Brasil, se encaixam naqueles problemas inerentes à logística em geral, mas também requer se analise os problemas e características específicas da cadeia de medicamentos.  


2- Normas
Uma das dificuldades a serem superadas é a não existência de normas específicas reunidas em um documento, como por exemplo, as  Boas Práticas de Transporte e Armazenagem de Produtos Farmacêuticos. Fato é que vários regulamentos foram sendo publicados ao longo dos anos, atingindo um ou outro ponto de interesse do setor, quase sempre abordando de modo inespecífico o transporte e a armazenagem.
A não especificação de um padrão não cria procedimentos unificados de trabalho e dificulta a integração das diversas áreas da logística, além de não criar vínculo ao cumprimento e ao atendimento a estes padrões.

Tais padrões deveriam estar intimamente ligados à qualidade envolvida no transporte, na distribuição e na armazenagem. 
Relacionamos abaixo as principais normas relacionadas ao transporte e armazenagem, que podem ou não ser exclusivas a medicamentos.   


Armazenagem
            Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976 - Dispõe sobre a vigilância sanitária a que     ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e
            correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos, e dá outras providências.  
           
            Destacamos os artigos mais importantes que abrangem transporte e armazenagem:
            Art. 61- Quando se tratar de produtos que exijam condições especiais de armazenamento e guarda, os veículos utilizados no seu transporte deverão ser dotados de equipamento que possibilite acondicionamento e conservação capazes de assegurar as condições de pureza, segurança e eficácia do produto.
            Parágrafo único. Os veículos utilizados no transporte de drogas, medicamentos, insumos             farmacêuticos e correlatos, produtos dietéticos, de higiene, perfumes e similares deverão         ter asseguradas as condições de desinfecção e higiene necessárias à preservação da        saúde humana.
            Art. 68- A ação de vigilância sanitária abrangerá todo e qualquer produto de que trata   esta Lei, inclusive os dispensados de registro, os correlatos, os estabelecimentos de     fabricação, distribuição, armazenamento e venda, e os veículos destinados ao transporte         dos produtos.

            Decreto nº 79.094 de 5 de janeiro de 1977. Regulamenta a Lei no 6.360, de
            23 de setembro de 1976, que submete a sistema de vigilância sanitária os          medicamentos, insumos farmacêuticos, drogas, correlatos, cosméticos, produtos de         higiene, saneantes e outros.
           
            Principais artigos sobre transporte e armazenagem:
            Art. 76. As empresas que exerçam exclusivamente atividades de fracionamento,          embalagem e reembalagem, importação, exportação, armazenamento, transporte ou   expedição dos produtos sob o regime deste Regulamento, deverão dispor de instalações,            materiais, equipamentos, e meio de transporte apropriados.

         Art. 128. As empresas para realizarem o transporte de produtos sob regime de vigilância          sanitária dependem de autorização específica, inclusive as autorizadas a industrializá-los.

            Art. 129. Os veículos utilizados no transporte de qualquer dos produtos de que trata este             Regulamento, não sujeitos às exigências do artigo 127, ficam, entretanto, obrigados a ter          asseguradas as condições de desinfecção e higiene necessárias à preservação da saúde       humana.

            Art. 148. A ação de vigilância sanitária implicará também na fiscalização de todo e        qualquer produto de que trata este Regulamento, inclusive os dispensados de registro, os       estabelecimentos de fabricação, distribuição, armazenamento e venda, e os veículos          destinados ao transporte dos produtos, para garantir o cumprimento das respectivas boas práticas e demais exigências da legislação vigente.
           
Lei nº 5991 de 17 de dezembro de 1973 - Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências
O artigo que aborda armazenamento de medicamentos:
Art. 21 – O comércio, a dispensação, a representação ou distribuição e a importação ou exportação de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos será exercido somente por empresas e estabelecimentos licenciados pelo órgão sanitário competente dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, em conformidade com a legislação supletiva a ser baixada pelos mesmos, respeitadas as disposições desta Lei.

            RESOLUÇÃO - RDC Nº 17, DE 16/04/10 - Dispõe sobre as Boas Práticas de         Fabricação de Medicamentos.
           
            Destacamos no artigo 13, parágrafo 3º, as BPF determinam, no inciso III, que sejam     fornecidos todos os recursos necessários, incluindo:
            f) armazenamento e transporte adequados.


            RDC nº 320 de 22/11/2002 -  Garantir o Sistema de Controle e Fiscalização em            toda a cadeia dos produtos farmacêuticos.
            Diz que as empresas distribuidoras de produtos farmacêuticos devem somente efetuar            transações comerciais e operações de circulação de produtos farmacêuticos, por meio de notas fiscais que contenham obrigatoriamente os números dos lotes dos produtos nelas            constantes      e notificar a autoridade sanitária competente, de imediato, quaisquer             suspeitas de alteração, adulteração, fraude, falsificação ou roubo             dos produtos que        distribui, com a indicação do número dos lotes, para averiguação da denúncia, sob pena    de responsabilização nos termos da legislação penal, civil e sanitária.
           
            Resolução RD C nº 55 - de 17 de março de 2005Ficam estabelecidos, por meio do           presente regulamento, os requisitos mínimos relativos à obrigatoriedade, por parte das     empresas detentoras de registros (fabricantes ou importadores), de comunicação às             autoridades sanitárias competentes e aos consumidores e de implantação da ação de            recolhimento de medicamentos, em hipótese de indícios suficientes ou comprovação de        desvio de qualidade que representem risco, agravo ou conseqüência à saúde, bem como             para o recolhimento de medicamentos por ocasião de cancelamento de registro            relacionado à segurança e eficácia.           

            Resolução RDC nº 25 de 29 de março de 2007. Dispõe sobre a Terceirização de etapas de
            produção, de análise de controle de qualidade e de armazenamento de medicamentos.
           
            Principais artigos referentes à terceirização da armazenagem:
            Art. 32 A empresa contratada para terceirização de armazenamento deverá possuir a
            Autorização de Funcionamento de Empresa vigente para esta atividade.
            Art. 33 Na terceirização de armazenamento, os produtos farmacêuticos aprovados devem
            estar com o registro vigente junto à autoridade sanitária competente.
            Art. 34 É vedada a terceirização de armazenamento às empresas que não disponham de
            local de armazenamento próprio.

Portaria 802 de 8 de outubro de 1998-  Institui o Sistema de Controle e Fiscalização em toda a cadeia dos produtos farmacêuticos.

Desatacamos alguns artigos importantes:
A cadeia dos produtos farmacêuticos abrange as etapas da produção, distribuição, transporte e dispensação. As empresas responsáveis por cada uma destas etapas são solidariamente responsáveis pela qualidade e segurança dos produtos farmacêuticos.
 Os fabricantes devem colocar em todas as unidades de produtos farmacêuticos o código de barra para identificação do produto.
As embalagens secundárias (cartucho) de todos os medicamentos destinados e comercializados no varejo devem conter identificação através de tinta reativa e, sob esta, deverá constar a palavra qualidade e logomarca da empresa.
As embalagens primárias e/ou secundárias (cartucho) de todos os medicamentos comercializados no varejo devem conter lacre ou selo de segurança.
Os fabricantes devem identificar os lotes dos seus produtos e as embalagens primárias e secundárias deverão ter o mesmo número de lote e prazo de validade. Deverão informar em suas notas fiscais de venda, os números dos lotes dos produtos nelas constantes.
O distribuidor deverá dispor de meios e recursos informatizados para conservar a documentação, sob a forma de fatura de compra e venda, relacionada a qualquer transação de entrada e saída, que contenha, entre outros, número do lote e quantidade recebida ou fornecida.



Resolução MERCOSUL/GMC/RES. Nº 49/02 de 28/11/2002 - Aprova o “Regulamento Técnico MERCOSUL sobre Boas Práticas de Distribuição de Produtos Farmacêuticos”. 

 

Destacamos os principais pontos desta norma:

Os Requisitos gerais, como: possuir diretor técnico/ farmacêutico responsável/ regente, pessoal capacitado, instalações e áreas físicas adequadas, segurança dos produtos em relação a sinistros e desvios, equipamentos de controles e de registros de temperatura, umidade, registro documentado das condições ambientais de armazenamento; instruções para seu transporte; limpeza e manutenção das instalações, incluindo os controles de insetos e roedores; sistema de gestão de qualidade que permita a rastreabilidade dos produtos, entre outros.

Pessoal: deve ser em número suficiente de pessoal, com as qualificações e experiências necessárias e a responsabilidade técnica deve ser assumida por um profissional farmacêutico/ químico farmacêutico responsável, que exerça a função de diretor técnico/farmacêutico responsável/ regente.

Edifícios e instalações: devem ser consideradas como necessárias as áreas de recepção, armazenamento, expedição, administração, devolução/ recolhimento do mercado e áreas auxiliares, salas de descanso e de lanche separadas das demais áreas.

Também constam da norma, a Limpeza dos locais, os Equipamentos, Recepção, Armazenamento, Abastecimento, Transporte, Devolução e reclamações, Recolhimento do mercado, Produtos adulterados e falsificados, Autoinspeção e um guia de Boas Práticas de Armazenamento na cadeia de distribuição de produtos farmacêuticos.

 


Geral
            Portaria nº 344 de 12 de maio de 1998.
            Resolução CFF Nº 387 – 13 de dezembro de 2002.
            Lei nº 11.903 - de 14 de janeiro de 2009.

Importação e Exportação
            Resolução RDC nº 346 de 16/12/2002.
            Resolução RDC Nº 81, de 5 de novembro de 2008.
            Resolução CFF Nº 495 de 27 de novembro de 2008.

Transporte
            Resolução RDC nº 329 MS/ANVS de 22 de julho de 1999 - Institui o Roteiro
            de Inspeção para transportadoras de medicamentos, drogas e insumos farmacêuticos.

            Este roteiro contém os seguintes itens:
            Administração e informações gerais;
            Organização;
            Almoxarifado;
            Classificação e critérios de avaliação para os itens do roteiro de inspeção.

            Portaria n° 1.052, de 29 de dezembro de 1998 - Aprova a relação de    documentos    necessários para habilitar a empresa a exercer a atividade de transporte de produtos         farmacêuticos e farmoquímicos, sujeitos à vigilância sanitária.

            Portaria nº 12 de 5 de janeiro de 2005 - Regulamento Técnico MERCOSUL sobre     Boas Práticas de Transporte de Produtos Farmacêuticos e Farmoquímicos nos Estados   Parte do Mercosul. MERCOSUL/ XXIII SGT Nº 11/ P. RES. Nº 09/04-REGULAMENTO TÉCNICO      MERCOSUL SOBRE BOAS PRÁTICAS DE TRANSPORTE     DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS E         FARMOQUÍMICOS

Nos seus “REQUISITOS GERAIS”, destacamos algumas responsabilidades:
Para seu funcionamento, as empresas transportadoras de produtos farmacêuticos devem estar    legalmente constituídas; ser autorizadas / licenciadas; manter contrato de prestação de serviços       de transporte; comprovação/habilitação de assistência profissional competente para as Boas       Práticas das Atividades envolvidas; dispor de infra-estrutura necessária para garantir o   desenvolvimento das atividades de transporte de produtos farmacêuticos e/ou farmoquímicos;   contar com um programa de capacitação para o pessoal responsável por ditas tarefas; os       veículos autorizados para o transporte de produtos farmacêuticos e/ou farmoquímicos deverão             respeitar e garantir as condições gerais e específicas de armazenamento e conservação dos       produtos; os produtos não deverão ser transportados com outros materiais que possam          apresentar possibilidades de contaminação; respeitar as recomendações presentes na   embalagem incluindo o empilhamento máximo recomendado pelo fabricante; dispor de       procedimentos operativos escritos relativos às operações realizadas; transportar produtos   farmacêuticos legalmente autorizados ou registrados no Estado Parte e entregar produtos             farmacêuticos somente às empresas/instituições autorizadas/licenciadas pela Autoridade            Sanitária Competente.


            NBR 14884 - Transporte rodoviário de carga - Sistema de qualificação –
            ago/2002.

            Resolução CFF nº 433, de 26 de abril de 2005. Regula a atuação do    farmacêutico em        empresa de transporte terrestre, aéreo, ferroviário ou fluvial, de            produtos farmacêuticos,        farmoquímicos e produtos para saúde.
           
            Decreto nº 96044 de 18 de maio de 1998. Aprova o Regulamento para o          Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências.

Segurança e Meio Ambiente
            Decreto nº 8.468, de 8 de setembro de 1976.
            Portaria MIN TER nº 100/80 de 14.07.1980.
            Portaria IBAMA nº 85/96 de 17.10.1996.
            Resolução RD C nº 306, de 07 de dezembro de 2004.

Legislação Internacional
            - WHO World Health Organization Technical Report Series, No. 937,       2006 Annex 5 Good distribution practices for pharmaceutical products.
            - WHO World Health Organization Technical Report Series, No. 908,       2003 – Annex 9 Guide to good storage practices for pharmaceuticals.
            - WHO World Health Organization Technical Report Series, No. 917,       2003. Annex 2 - Good trade and distribution practices for pharmaceutical      starting materials.
            - Health Canada – Guidelines for temperature Control of Drug products   during storage na Transportation
            - USP – Good Storage and Shipping Practices <1079>
            - PDA – Guidance for temperature-controlled Medicinal products:            maintaning the Quality of temperature-Sensitive medicinal products   through the Transportation Enviroment.


3- Requisitos Técnicos e de Qualidade                 

            3.1 Política da Qualidade e Manual da Qualidade  

Um dos pressupostos básicos da implantação de um sistema da qualidade é registro formal dos procedimentos utilizados, como forma de padronizar atividades. Uma importante ação é a elaboração de Políticas de Qualidade que definam as diretrizes específicas e as responsabilidades de cada elemento envolvido no processo.

As Políticas da Qualidade descritas em um Manual da Qualidade permitem que os funcionários apliquem,  consistentemente, os requisitos de qualidade exigidos aos produtos farmacêuticos e a todos os processos de manuseio, transporte, armazenagem e distribuição.

Dentre os elementos que podem compor o Manual da Qualidade, podemos elencar:

Ø  Rastreabilidade.

Ø   Administração de estoque pelo Sistema FIFO (first in first out = primeiro que entra primeiro que sai).

Ø  Controle apurado do estoque e inventário freqüente.
Ø   Prazo de Validade dos materiais e produtos.

Ø  Procedimentos Operacionais das atividades.

Ø  Higiene, Sanitização e Limpeza

Ø  Controle de Pragas

Ø  Avarias

Ø  Procedimento em Caso de Sinistros

Ø  Desvios de qualidade e não conformidades (CAPA); respostas ao cliente

Ø  Políticas e programa anual de Treinamento de funcionários

Ø  Instruções de Movimentação de produtos

Ø  Registros das atividades.

Ø  Auditorias internas.

Ø  Auditorias externas.

Ø  Medidas de Controle para os produtos que requeiram cuidados para Temperatura, Umidade Relativa, Incidência UV. Áreas com temperaturas controladas: devem ter monitoramento e registro do armazenamento dos produtos.

Ø  Espaço físico adequado para propiciar capacidade suficiente para armazenamento ordenado e manutenção da organização e limpeza . As áreas físicas de movimentação devem ser definidas e identificadas de acordo com a finalidade e o fluxo de pessoas e materiais. Devem, ainda,  contemplar o Recebimento, a Expedição, a Administração, as Devoluções, os Recolhimentos e Devoluções do mercado e os produtos a Destruir;

Ø  Compatibilidade das operações de manuseio e armazenamento executadas nos diferentes setores.

Ø  Observação dos padrões e Normas para dimensões:
o   paletes,
o   posição,
o   altura em relação ao solo, 
o   distância das paredes,
o   estrutura  - sustentação.

Ø  Sistema de discriminação da condição dos produtos e materiais, conforme sua separação no almoxarifado:
o   Aprovado
o   Reprovado
o   Quarentena
o   Destruição
o   Recolhidos
o   Devoluções
o   Controlados em área segregada
o   Refrigerados em câmara refrigerada.

Ø   Controle dos Materiais e Produtos incompatíveis:
o   Oxidantes e Redutores.
o   Inflamáveis, Reativos e Corrosivos.
o   Materiais não produtivos, peças, marketing, outros,
o   Não farmacêuticos.

Ø  Áreas auxiliares, salas de descanso, de lanches,  vestiários, lavatórios e sanitários sem comunicação direta com o armazenamento.

Ø   Espaços ao redor das áreas externas pavimentados;

Ø   Facilidade para a manobra de caminhões;

Ø   Lavatórios e instalações sanitárias em condições adequadas;

Ø   Pisos e paredes com superfícies sem rachaduras.

3.2 Requisitos Básicos de Qualidade no Transporte

Procedimentos de Transporte
Preservar integridade e segurança durante o trajeto de transporte.
Fatores que podem influenciar na qualidade e segurança do produto:
Ø   Acondicionamento do produto: embalagens terciárias e demais acessórios para guarda e manuseio;
Ø   Volume/Quantidade: carga fracionada (caixas soltas) ou consolidada;
Ø   Carregamento e Descarregamento da carga: forma de tratamento e manuseio;
Ø   Porte e característica do veículo;
Ø   Distância do trajeto: entre o ponto de origem e destino;
Ø   Tempo de viagem: horário de saída e chegada no destino;
Ø   Condições de temperatura e umidade externos;
Ø   Pontos e horários de parada;
Ø  Programa de Inspeção, Limpeza , Sanitização e Dedetização dos veículos.
Ø  Carregamento e Descarregamento.
Ø  Qualificação Térmica
Ø  Produtos que necessitam de controle e manutenção de temperatura devem ser transportados em veículos isotérmicos, refrigerados ou embalagem térmica. A instalação de sensores de temperatura nos veículos irá depender de avaliação entre a relação tipo de veículo versus grau de risco ao produto durante o transporte.
Ø  Tratamento às não conformidades
Ø  Sinistros

3.3  Segurança (avarias, sinistros, acidentes)
Sinistros
v   Registros das ocorrências.
v   Manuseio/movimentação adequada.
v   Segregação dos sinistrados.
v   Comunicação:  órgãos regulatórios, fabricante e autoridades.
v   Rastreabilidade das informações.
v   Acidentes no transporte de produtos perigosos: Decreto 96044 de 18/05/1998.
v   Produto perigoso fracionado: acondicionamento adequado.

 Transporte de produto perigoso:  NBR 7500 e NBR 8286.
v   Transporte de produto perigoso com medicamento:         
v   Compatibilidade entre 2 (dois) ou mais produtos.
v   Antes do manuseio dos materiais, conhecer as FISPQ .
§  Proteção ao pessoal da operação (roupas, óculos, máscaras, luvas).
§  As pessoas devem ser treinadas para o manuseio de substâncias altamente potentes, voláteis ou material biológico;
v   Treinamento contra incêndios.
v   Brigada contra incêndios.


3.4. Relação entre as áreas de Qualidade e Logística

Um importante fator de incremento da qualidade no segmento é a capacidade de relacionamento entre as áreas de logística e da qualidade (notadamente controle da qualidade e garantia da qualidade).

Quando estes dois departamentos trabalham de forma harmônica, os resultados tendem a ser mais consistentes ao processo como um todo.

Mais o que fazer, como proceder para que as áreas envolvidas criem sinergia que movimente positivamente as pessoas na obtenção de resultados com padrões elevados para a empresa?

Entendimento da missão da empresa: a missão da empresa deve estar claramente difundida entre todas as áreas e as pessoas devem ser treinadas para isso.

Proximidade entre as áreas Q/L: devem trabalhar muito próximas, com difusão de informações de interesse comum, com elaboração de reuniões freqüentes para alinhamento das necessidades e do programa de produção e análise.

Relacionamento ótimo entre as gerências: Os gestores destaa áreas devem liderar pelo exemplo. Se os gerentes se relacionam de forma pró-ativa e profissional, os subordinados levarão isso em conta e as atividades de rotina tenderão a ser melhor administradas, com muito menos atritos e incompreensões.

Garantia da Qualidade deve treinar e distribuir as diretrizes para a Área de Logística, formalmente: cabe à garantia da qualidade distribuir as informações sobre Boas Práticas de Fabricação, executar auditorias e informar a área de logística sobre falhas e desvios de qualidade que podem afetar os materiais e os produtos. Também compete a GQ, auxiliar as diferentes áreas da Logística sobre os treinamentos necessários do seu pessoal.

Indústria farmacêutica é um segmento diferente dos demais: O setor farmacêutico possui diferentes características e peculiaridades que o distinguem de outros setores da economia.

Quais são estes pontos? Alguns pontos específicos são:
FIFO: A separação de produtos deve contemplar o critério de “primeiro que entra, primeiro que sai, ou seja produtos e materiais que vencem primeiro são os primeiros a serem expedidos ou colocados em processo.

Data de validade: Todos os produtos possuem data de validade que devem ser controladas regiamente, sob pena de a empresa manter em seus estoques materiais e produtos vencidos ou próximos do vencimento. Estas condições são impróprias para venda. É importante um sistema de administração de estoques que considere estas situações. Recomenda-se um sistema informatizado, por possuir uma condição de controle automático de conciliação dos estoques.

Diferentes condições dos produtos no armazém: Os produtos podem estar Aprovados – liberados para comercialização. Reprovados- impossibilitados de serem vendidos. Quarentena- aguardando alguma etapa do processo para continuidade. Recolhidos e Devolvidos – impossibilitados de serem comercializados e aguardam uma definição. 

Controle de Temperatura, Umidade, Radiação Solar, Pragas: os produtos farmacêuticos normalmente são muito sensíveis à temperatura e umidade e, por esta razão devem estar em área que possibilite o controle e o registro destas condições, conforme especificado em norma. Por outro lado não podem estar em locais descobertos que possam expô-los ao sol e chuva e às pragas.  

Rastreabilidade: o produto farmacêutico deve ser rastreável durante todo o seu ciclo de vida e em todas a etapas da cadeia farmacêutica. A rastreabilidade serve para possibilitar que o produto seja rapidamente recolhido do mercado em caso do aparecimento de um falha de qualidade que possa comprometer a segurança, a qualidade e a eficácia.

Armazenagem separada para:
o   Oxidantes x Redutores – podem reagir entre si causando acidentes e devem estar em locais isolados.
o   Inflamáveis, Reativos e Corrosivos – podem prejudicar os outros produtos ou causar acidentes e devem estar locais isolados.
o   Materiais não produtivos, peças, marketing, outros – devem estar separados, com identificação adequada.
o   Não farmacêuticos – não podem estar juntos com os produtos farmacêuticos, mas em áreas separadas por identificação.
    
Por estes motivos as pessoas que trabalham nestas áreas devem ter a compreensão adequada sobre estas especificidades para que as atividades de:
 
  • comprar
  • receber
  • movimentar
  • armazenar
  • separar
  • planejar
  • transportar
  • distribuir
 

                         os produtos, as matérias primas e os materiais de embalagem, possam ser executadas seguindo as diretrizes para os cuidados referentes à qualidade, segurança e eficácia. 

Entender e compreender dificuldades específicas e comuns: a integração entre estas áreas significa que ambas devem conhecer exatamente suas interfaces e a dimensão de problemas que afetam a ambas, bem como os problemas mais específicos de cada uma das áreas. Esta compreensão mútua tem um sentido de possibilitar que uma área possa compreender as dificuldades da outra e agir proativamente, quando ocorrerem os problemas e dificuldades.

Garantia da Qualidade pode auxiliar a logística nos pontos críticos:  A GQ pode contribuir com a Logística de modo a aumentar a produtividade e reduzir os tempos de processo. Através da qualificação e da certificação de fornecedores a empresa pode ganhar em produtividade quando a GQ aprova um número adequado de fornecedores de qualidade comprovada e executa a certificação de fornecedores. 
                                                                                             
A qualificação de fornecedores coloca à disposição da logística número de fornecedores em quantidade suficiente para que o departamento de compras possa ter opções diferentes de prazos, custos e materiais.

A certificação estabelece os requisitos de qualidade assegurada, de modo que os produtos tenham os testes de qualidade reduzidos ao mínimo, acelerando o recebimento e a utilização nos interna dos materiais.

                                                          

Planejamento de Produção bem organizado aumenta a dinâmica da operação: uma boa estrutura da área de planejamento, com conhecimento de todas as máquinas, processos, tempos necessários e peculiaridades inerentes a cada processo pode trazer muita agilidade à programação de produção. É importante esta área tenha uma proximidade muito estreita com as áreas produtivas e de qualidade. Esta proximidade facilita a troca de informações e as necessidades específicas de cada um, de modo que o planejamento da produção um acordo e um compromisso de metas de todos.     
Esta proximidade também traz benefícios à melhoria e/ou manutenção dos tempos reais de processo.




Figura 1- A melhora da produtividade pode ser alcançada através da certificação de fornecedores e pelo eficiente planejamento de produção.


Diretrizes de Qualidade: a compreensão inadequada e a ausência de clareza sobre elas pode causar impacto na qualidade dos produtos e serviços, conforme apresentado na figura 2. Neste sentido a área da Qualidade tem a responsabilidade em apresentar e transferir todas as normas importantes para os processos para as diferentes áreas da logística da empresa, de modo formal. O treinamento também pode fazer parte deste trabalho, como forma de garantir a aplicabilidade e disseminação delas pelos diversos setores e funcionários.




Figura 2- Problemas que podem ocorrer em decorrência do desconhecimento das normas ou de sua aplicação incorreta.


5  A evolução da qualidade nas áreas de transporte e armazenagem nas indústrias farmacêuticas

Apesar de haver necessidade de padronização de normas e regulamentos específicos, já mencionadas acima, é sabido que houve uma evolução da qualidade  nesta áreas.
Citamos algumas destas melhorias:

v  Publicação de novas regulamentações genéricas ou relativamente específicas para o setor, nos últimos 10 anos.

v  O estabelecimentos de requisitos para armazenagem, transporte e distribuição de medicamentos.

v  A implementação da Certificação de Boas Práticas de Distribuição e Armazenagem e das inspeções para a distribuição e armazenagem de medicamentos.


v  Além disso, novos requisitos técnicos surgem a cada dia, por força do aumento do conhecimento e da evolução tecnológica, como por exemplo:
     estudo de estabilidade para prever excursão de temperatura.
     estudos de estabilidade na armazenagem de granel.
     qualificação da cadeia de transporte.
     monitoramento  e controle da cadeia de frio.
     compatibilidade de cargas.





                       
Figura 3-  É preciso uma harmonização e consolidação das normas para disciplinar e padronizar conceitos. 


4- Desmistificação dos conceitos
Logística não envolve apenas transporte
Apesar do desenvolvimento das técnicas e de conceitos, ainda existe muita confusão em relação ao significado da palavra logística. Não é por falta de conhecimento, mas é que esta área corporativa ainda está em desenvolvimento e em estruturação, pois a cada dia novos conhecimentos e atividades são incorporados a ela, de modo que sua consolidação ainda não ocorreu. 

Logística:  é uma ciência militar que trata do alojamento, equipamento e transporte de tropas, produção, distribuição, manutenção e transporte de material e de outras atividades não combatentes relacionadas. Segundo o dicionário Michaelis
Logística: São processos da cadeia de suprimentos que planejam, estruturam e controlam, de forma eficiente e eficaz, o fluxo de armazenamento dos bens e serviços e da informação relacionada, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, para satisfazer aos requisitos do cliente. Segundo o Council of Logistics Management
Logística é definida como uma plataforma de planejamento de negócios para o gerenciamento  materiais, serviços, informações e fluxo de  capital. Ela inclui  a informação, comunicação e  controle de  sistemas requeridos no ambiente corporativo atual² Segundo Logistix Partners Oy, Helsinki, FI, 1996).
Logística Empresarial: “trata de todas atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria prima até o pnto de consumo final, assim como dos fluxos de informações que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados ao clientes a um custo razoável” conforme definição de Ronald H. Ballou.




Figura 4 – Elementos básicos de logística. Conforme Antonio Galvão Novaes – Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição, 2007.

Desde sua concepção na aplicação militar, o escopo da logística envolve todos os processos de abastecimento nos bastidores das operações bélicas. Não é nenhum pouco diferente no âmbito das atividades empresariais. Portanto, é fácil perceber que a mesma abrange tanto as atividades de suprimentos e de distribuição, quanto os processos da logística interna, seja em uma indústria, em um centro de distribuição ou no varejo (força motriz responsável pela dinâmica das cadeias de abastecimento).

A logística envolve uma dezena de atividades importantes e não podemos tratá-la como se fosse apenas o transporte de mercadorias. Deve-se notar que antes de embarcar uma mercadoria, toda e qualquer empresa precisa¹:
     processar e administrar as informações,
     desenvolver fornecedores,
     acionar compras,
     receber, checar e analisar materiais,
     embalar e movimentar produtos,
     estocar produtos apropriadamente
     planejar e controlar estoques e produção,
     movimentar e estocar mercadorias,
     otimizar layouts
     estabelecer fluxos lógicos de materiais e pessoas,
     qualificar colaboradores e parceiros,
     medir e gerenciar custos,
     avaliar e auditar a qualidade

Todas essas atividades estão incluídas na logística empresarial, do transporte à armazenagem.
E todos esses processos têm uma importância vital para o negócio, implicando diretamente na sua viabilidade econômica e em vantagens competitivas.

Sem essas atividades, não haveria a integração dos processos e, portanto, comprometeria o fluxo ordenado de informações e serviços.

Onde a logística interna está comprometida, os custos podem até inviabilizar processos produtivos, deteriorando eventuais vantagens competitivas conquistadas nos demais processos. 

Podemos afirmar que sem uma integração precisa das operações logísticas, no ambiente interno e no ambiente externo, os fluxos podem ser interrompidos, ocasionando rupturas no atendimento das demandas, na organização das atividades e no controle dos processos.

O transporte não se resume apenas a caminhões
No Brasil, com exceção dos especialistas que atuam em logística, quando nos referimos à atividade de transporte, pensamos logo em caminhões carregados, com baú ou uma lona recobrindo a carga trafegando pelas estradas brasileiras. Esta é a visão que muitas pessoas têm sobre transporte. Por outro lado, não sabemos definir corretamente o termo logística, tampouco entendemos ou conhecemos sua verdadeira abrangência.

O setor deveria disseminar os outros meios de transporte, como forma de transferência e divulgação de conhecimento para toda sociedade. Eles existem, estão sendo utilizados, mas não da forma como deveriam. Se não existe uma demanda, não existe investimento. É comum pensar exclusivamente que apenas existe o rodoviário como forma principal de transporte de produtos.

Brasil deve começar a desenvolver os outros meios de transporte para aumentar a flexibilidade, reduzir os tempos de percurso, reduzir custos, aumentando a competitividade. Além do transporte rodoviário, entre os demais meios de transporte mais utilizados, temos o fluvial, o ferroviário, o aéreo e o marítimo (que inclui a cabotagem). Ver na tabela 1 a distribuição dos diferentes meios de transporte.
Claro que o uso dos demais meios de transporte não depende apenas da vontade do setor, mas também de infra-estrutura adequada e investimentos propiciados por órgão governamentais.

Nos capítulos a seguir aprofundamos um pouco mais a análise dos diferentes meios de transporte, bem como suas vantagens e desvantagens.
 

5- Desafios da Logística Brasileira

5.1  Como a logística pode se tornar vantagem competitiva para as empresas

Processos Externos  - que podem ser controlados pela empresa

Problemas
Transporte caro: normalmente feito por rodovias, o transporte está à mercê dos preços de combustíveis, de estradas mal construídas e com falta de manutenção, das diminutas quantidades transportadas (quando comparado ao transporte ferroviário/fluvial) e das longas distâncias do nosso território.
O transporte costuma representar o elemento mais importante do custo logístico na maior parte das firmas. O frete costuma absorver 2/3 do gasto logístico. Por esta razão o especialista em logística deve ter um bom conhecimento deste tema.

Estoque caro: os custos de manutenção dos estoques são elevados, razão pela qual é necessária uma política de estoques reduzidos e de entregas baseadas no sistema just-in-time para redução dos custos envolvidos.
Os custos podem ser classificados em:

Custos de manutenção do estoque: todos os custos necessários para manter certa quantidade de mercadorias por determinado espaço de tempo.

Custos de compra: são os custos envolvidos para reposição dos estoques.

Custo de falta:  são aqueles que ocorrem quando há falta de um item sob demanda e podem ocorrer por vendas perdidas ou por atrasos.

É preciso compreender todas as nuances dos custos dos estoques e as interferências sobre a gestão dos armazéns para que se mantenha controle sobre os custos logísticos totais.


Manutenção cara do espaço: o espaço custa, por este motivo a ocupação deve ser plena e com total flexibilidade de manuseio. Não é aceitável a existência de espaços vazios nas prateleiras.

Movimentação no armazém: rapidez, agilidade e precisão requerem um certo grau de automação e o uso de sistemas informatizados preparados para prover movimentação ágil, racional e precisa, refletindo em elevação da produtividade. 

Baixo volume da indústria farmacêutica: comparativamente a outros setores, a indústria farmacêutica consome quantidades pequenas de materiais de embalagem e de matérias primas. Este fato impossibilita negociações preço x volume e mostra que a área de logística farmacêutica deva usar toda a criatividade para propor formas baratas de aquisição e administração dos materiais.

Ausência de tecnologia apropriada: é sempre importante conhecer os avanços na área, referentes aos sistemas de movimentação automática em armazéns, softwares de gerenciamento  e administração de estoques, das atividades e dos produtos.    

Harmonização e consolidação dos regulamentos: é necessária para padronizar as atividades.


Ações e Melhorias possíveis

Fornecedor parceiro.  A exemplo do que ocorre na indústria  automobilística, a indústria farmacêutica também pode e deve formar acordos com os fornecedores para o suprimento de materiais. Dois destes processos são as compras com entregas programadas e o sistema just-in-time (sistema de entrega a tempo).  

Implantação do sistema de entrega a tempo: o just-in-time possibilita a entrega programada de materiais, reduzindo os estoques, os custos, o tempo de processo e aumentando a produtividade. Envolve um acordo detalhado com os  fornecedores e com a área de qualidade.
           
Entradas programadas: compras anuais podem ser negociadas com fornecedores, principalmente de materiais de embalagem, para que as entregas possam ser feitas em parcelas em espaços de tempos pré-estabelecidos entre as partes. Infelizmente não são todos os materiais que podem se valer destes procedimentos.

Fornecedor certificado.  A implantação de um sistema de certificação de fornecedores pode reduzir os estoques, fazendo com que os materiais sejam recebidos e inseridos no processo produtivo sem a necessidade de extensos testes de qualidade. A melhoria imediata resulta em redução de estoques, redução de custos de análise e de estoques e maior flexibilidade produtiva.  


Harmonização materiais. Harmonizar materiais padronizando o máximo de embalagens e matérias primas é uma tarefa que consome bastante planejamento e trabalho, mas seus resultados podem ser expressivos, com redução no número de materiais adquiridos, maior poder de negociação através do aumento da quantidade de materiais comprados, possibilidade de entregas programadas e de redução nos entoques.  

Automatização:  dependendo do tamanho das operações e do espaço de armazenagem torna-se imprescindível buscar tecnologias de automação, seja no controle das operações, seja na operacionalização e manuseio. Tornarão os processos mais ágeis, dinâmicos, precisos e rápidos. 

Estas melhorias podem trazer resultados benéficos como, conforme a figura 2:





Figura 5 - Benefícios potenciais que podem ser alcançados pela aplicação de algumas ações de melhorias em logística..



Processos externos - que não podem ser controlados pela empresa

Estes processos necessitam de uma ação voltada à governança estratégica do setor para com os órgãos governamentais no sentido de propor ações que visem a execução de investimentos para o desenvolvimento do setor.
 
Os Maiores Desafios

Rodovias
           Necessitam investimentos para aumentar a malha rodoviária e executar a manutenção e a melhoria das existentes. Insegurança causada pelas péssimas condições das estradas, como sinalização insuficiente, pista de rolamento esburacada, inexistência de estrutura de apoio ao longo de muitas das rodovias, entre outras.

Segurança
            Insegurança causada pela falta de patrulhamento e policiamento em algumas rodovias, propiciando assaltos contra os transportadores.

Frota Rodoviária Antiga
            É um problema ligado ao custo do transporte. Frota antiga, maior gasto com manutenção e combustíveis, obviamente aumenta os custos do transportador.

Infraestrutura de transporte Brasil.
            Falta de planejamento e política específica orientada para o segmento. A infraestrutura existente atualmente é falha, ineficiente para acompanhar o crescimento das operações logísticas  e as atividades industriais do Brasil.
            Os portos e aeroportos estão com capacidade limitada, produtividade insuficiente e carente de tecnologia.
            Malha viária insuficiente seja, nos grandes centros, seja nos menores centros que começam a se expandir. Poucas opções em transporte por hidrovias. Falta de estrutura de armazenagem e transbordo.
            Ferrovias, apesar do crescimento que tem se observado, ainda necessita expansão mais acelerada para acompanhar o desenvolvimento. Na tabela 1 é possível enxergar o desequilíbrio entre os diferentes modais e os potenciais a serem trabalhados nos outros modais pouco explorados, como aquaviário e aeroviário.


Modal
Brasil (%)*
São Paulo (%)**
Rodoviário
59,0
93,1
Ferroviário
24,0
5,3
Aquaviário
13,0
0,5
Aeroviário
0,3
0,3
Dutoviário
3,7
0,8

Tabela  1- Matriz de transportes do Brasil e do Estado de São Paulo, demonstra um desequilíbrio entre os diferentes modais, o que aponta para a necessidade de readequações.
*Fonte: Ministério dos Transportes (2006)    **Fonte: Secretaria de Transportes do Estado (2000)

Infraestrutura de gestão e planejamento.
            Falta de planejamento e gestão em portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias, de modo a imprimir maior celeridade às movimentações nestes locais. É comum a espera de caminhões por falta de espaço, de organização, ou por excesso de burocracia nos trâmites.       

Longas distâncias percorridas
            As distâncias a serem percorridas através do país dificultam as operações logísticas e, com a insuficiência atual, não permite uma rápida distribuição dos produtos, também não permite diminuição de preços e  dificulta a integração.        

Custo do transporte
O transporte costuma representar o elemento mais importante do custo logístico na maior parte das firmas. O frete costuma absorver 2/3 do gasto logístico³. Por esta razão o especialista em logística deve ter um bom conhecimento deste tema.


Composição dos custos do transporte rodoviário:
ü  Frete-peso: relacionados com a atividade do transporte (peso/volume/distância), Frete-valor: relacionado com valor da mercadoria e responsabilidades por acidentes e avarias,
ü  GRIS: riscos e roubos de cargas,
ü  Taxas: valores específicos por serviços adicionais,
ü  Pedágios: reembolso destacado no conhecimento,
ü  Lucro.

Estimativas realizadas em determinadas áreas mostram que os custos do transporte hidroviário e ferroviário podem ser mais de cinco vezes os custos do transporte rodoviário. Por estes motivos é de suma importância avaliar todas as possibilidades de integração dos diferentes meios de transportes, através da multimodalidade.  


Modo
Preço $/tonelada milha
Ferroviário
3,16
Rodoviário
14,00
Hidroviário
1,00
Duto
1,22
Aéreo
46,80

Tabela 2- Preço médio por tonelada milha conforme modal nos EUA. Fonte Logística empresarial, Ronald H. Ballou         
           


Modal de transporte
Custo

1= Máx.
Tempo médio de entrega
Absoluto

1= mínimo
Porcentual

1= mínimo
Perdas e danos

1= mínimo
Ferroviário
3
3
4
3
5
Rodoviário
2
2
3
2
4
Hidroviário
5
5
5
4
2
Dutoviário
4
4
2
1
1
Aeroviário
1
1
1
5
3

Tabela 3- Classificação relativa de custos e desempenho operacionais dos diversos modais de transporte nos EUA. Fonte: Logística empresarial, Ronald H. Ballou     

Os custos do transporte nos EUA participam com mais de 60% dos custos logísticos totais, conforme pode-se observar na tabela 4.

Custos gerais
% do total
Juros
2,3
Impostos
22,4
Subtotal
24,7
Custos de Transporte
Rodoviário intermunicipal
33,0
Rodoviário urbano
17,1
Ferroviário
4,1
Hidroviário
2,7
Dutos
0,9
Aéreo
3,8
Subtotal
60,8
Outros Custos

Armazenagem
8,1
Custos de despacho
2,6
Administração da logística
3,8
Subtotal
14,5
Total
100,0

Tabela 4- Custos logísticos nos EUA em 2004. Fonte: Conforme Antonio Galvão Novaes – Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição, 2007.

Falta da mão de obra especializada
            A dificuldade em encontrar profissionais qualificados cria problemas nas operações das empresas, principalmente referentes ao transporte rodoviário. Este problema está se acentuando, em função do bom crescimento que o Brasil tem experimentado nestes anos de 2008 a 2010 e as excelentes perspectivas para os anos de 2011 e 2012.   

           
Ações e Melhorias possíveis

Redefinição dos conceitos de transporte. Transporte não é somente feito por rodovias. Transporte engloba vários tipos de veículos circulando por diferentes vias. O transporte então, pode ser feito por:

     Ferroviário, onde a quantidade de carga transportada é maior que aquela transportada por caminhões, com custo menor.  A malha ferroviária brasileira possui aproximadamente 29.000 km e no Estado de São Paulo cerca de 5.400 km. Os processos de privatização do sistema iniciaram-se em 1996, e as empresas que adquiriram as concessões de operação desta malha, assumiram com grandes problemas estruturais. A transferência da operação das ferrovias para o setor privado foi fundamental para que esse setor voltasse a operar. As empresas que operam a malha ferroviária brasileira. Felizmente existe um crescimento na produção de locomotivas e vagões (conforme se vê pelo gráfico da figura 6). Mas isto por si só não é suficiente, já que necessita de elevados investimentos governamentais para a construção de ferrovias e estrutura relativa à rede ferroviária. Veja a distribuição de custos na tabela 2 e 3, acima.


    



Figura 6- Gráfico da Produção Brasileira de Locomotivas. Fonte: Simefre/ABIFER


     Hidroviário, onde a quantidade de carga transportada também pode ser expressiva, aproveitando os recursos naturais de cada região. Particularmente no Brasil, este meio de transporte pode ser muito útil em virtude da grande ocorrência de rios. É um meio de transporte dos mais econômicos, exigindo menor consumo de combustíveis, pois o deslocamento das embarcações sobre a água requer muito menos energia do que sobre pavimentos rodoviários e até sobre trilhos ferroviários.

Segundo dados do senado federal, em algumas situações, o consumo de combustível no transporte hidroviário chega a ser até vinte vezes menor do que o equivalente rodoviário.

Com a implantação de dispositivos adequados, estima-se que o Brasil poderá dispor de pelo menos 40.000km de hidrovias, equivalentes a cerca de 70% da extensão de nossa malha rodoviária federal.

     Marítimo. O transporte marítimo é o modal mais utilizado no comércio internacional ou longo curso refere-se ao transporte marítimo internacional. Inclui tanto os navios que realizam tráfego regular, pertencentes a Conferências de Frete, Acordos Bilaterais e os outsiders, como aqueles de rota irregular, os “tramps”.

v  Cabotagem, pode vir a ser interessante, desde que os custos compensem, pois a ampla faixa de costa brasileira e a possibilidade de transportar grandes quantidades de carga tornam este transporte com grande potencial de utilização. A cabotagem inclui todo o transporte marítimo realizado ao longo da costa brasileira do Rio Grande do Sul até Manaus. Segundo armadores e usuários, o maior problema da cabotagem está na regulamentação, nos impostos e na infra-estrutura portuária.

     Rodoviário, pode ser melhorado e dinamizado, com a remodelação das estradas, dotando-as de maior segurança e agilidade, para o transporte a pequenas localidades. No Brasil algumas rodovias ainda apresentam estado de conservação ruim, o que aumenta os custos com manutenção dos veículos. Além disso, a frota é antiga (aproximadamente 18 anos ) e sujeita a roubo de cargas. No entanto, é importante lembrar a menor capacidade de carga e maior custo operacional, comparado ao ferroviário ou aquaviário e a diminuição da eficiência das estradas em épocas de grandes congestionamentos. O transporte rodoviário caracteriza-se pela simplicidade de funcionamento.

     Aéreo, é o transporte adequado para mercadorias de alto valor agregado, pequenos volumes ou com urgência na entrega.
O transporte aéreo possui algumas vantagens sobre os demais modais, pois é mais rápido e seguro e são menores os custos com seguro, estocagem e embalagem, além de ser mais viável para remessa de amostras, brindes, bagagem desacompanhada, partes e peças de reposição, mercadoria perecível, animais.





Tipo de transporte
Vantagens
Desvantagens
*Aéreo
É o transporte mais rápido.
Não necessita embalagem mais reforçada (manuseio mais cuidadoso);
Menor capacidade de carga.
Valor do frete mais elevado em relação aos outros modais.
*Ferroviário

Adequado para longas distâncias e grandes quantidades.
Menor custo de seguro.
Menor custo de frete.
Diferença na largura de bitolas;
Menor flexibilidade no trajeto;
Necessidade maior de transporto
*Marítimo
Maior capacidade de carga
Carrega qualquer tipo de carga
Menor custo de transporte

Necessidade de transbordo nos portos
Distância dos centros de produção
Maior exigência de embalagens
Menor flexibilidade nos serviços aliado a freqüentes congestionamentos nos portos

*Rodoviário
Fretes mais altos em alguns casos.
Menor capacidade de carga entre todos os outros modais.
Menos competitivo para longas distâncias


Adequado para curtas e médias distâncias.
Simplicidade no atendimento das demandas e agilidade no acesso às cargas.
Menor manuseio da carga e menor exigência de embalagem. Serviço porta-a-porta: mercadoria sofre apenas uma operação de carga (ponto de origem) e outra de descarga (local de destino).
Maior freqüência e disponibilidade de vias de acesso.
Maior agilidade e flexibilidade na manipulação das cargas. Facilidade na substituição de veículos, no caso de acidente ou quebra.
Ideal para curtas e médias distâncias.
**Fluvial
Econômico.
Menor consumo de combustível.
Velocidade mais baixa quando comparada a outros meios.



Tabela 3- Características dos diferentes meios de transporte.  Fonte: *FIESP e **Senado Federal.

Projeto Logístico brasileiro. O Brasil deveria planejar o seu crescimento através de uma boa infraestrutura. Logística depende de infraestrutura. Mas o que seria isto? Deveríamos ter um plano de construção de um projeto logístico com investimentos em:
     armazéns localizados em pontos estratégicos,

     centros de distribuição e apoio,

     implantação de hidrovias,

     implantação de ferrovias,

     implantação de navegação por cabotagem,

     redefinição da malha rodoviária brasileira,

     Redistribuição da estrutura. Tem que haver uma desconcentração dos centros logísticos de distribuição, com alocação desta estrutura em diferentes pontos do território, mas para isso há a necessidade de investimentos governamentais. Esta atitude fortalecerá o transporte e a distribuição de bens através do país.    

     Aumentar a profissionalização do setor, com ênfase em empresas capacitadas por entidades ou sindicatos do setor.

     Multimodalidade. Esta é uma atividade que aumenta a produtividade e reduz os custos, se bem administrada. A falta de complementaridade entre os meios de transporte direciona o transporte para o rodoviário, aumenta seus custos.

           
As diferentes modalidades de transporte podem ser úteis para compor os elementos ideais, referentes a prazo de entrega, qualidade e preço. O exemplo abaixo é um das inúmeras composições modais disponíveis, em inúmeros países, para alcançar os objetivos da logística.  



         -----------  : Trechos cobertos por caminhão.
          _______  : Trechos cobertos por navio.
          ..............  : Trechos cobertos por trem.





                                                                                                                                                 
Figura 7- Combinações multimodais no percurso Paris-Detroit. Fonte Antonio Galvão Novaes.


     Implantação de um sistema de sistema de prevenção ao roubo e ao furto de veículos e cargas. Melhorar o patrulhamento de estradas, com policiais rodoviários bem remunerados em número suficiente a cada rodovia.


Centros de formação profissional, capacitação e treinamento. É necessário preparar mão de obra qualificada para estas atividades. O crescimento do país não foi acompanhado pela melhoria da mão de obra, não apenas no transporte, mas na maioria das atividades profissionais no Brasil. Há uma grande deficiência de profissionais. Assim, devem ser feitos investimentos em centros especializados de preparação e formação de profissionais para estas áreas, que também atuariam na reciclagem e treinamento constante dos profissionais.

Investimentos governamentais na área.

            Ação governamental Melhora e a ampliação da estrutura existente  (rodovias, portos, aeroportos)




6 – Tendências em logística

A atual era do desenvolvimento por que passa a humanidade é a era da informação e da comunicação, baseada nas tecnologias eletrônicas de transmissão e na disseminação da informação, tendo no computador seu representante principal. Esta era está sendo caracterizada por oito mudanças¹:
  1. Vida mais curta do produto;
  2. Maior variedade de produtos;
  3. Maior competição;
  4. Maior custo da mão-de-obra;
  5. Maior preocupação com a saúde e a segurança;
  6. Maior uso de computadores;
  7. Sistemas de transporte mais rápidos;
  8. Estoques menores.
As práticas de logística deverão evoluir para acompanhar as mudanças que vêm ocorrendo, principalmente caracterizadas pela independência de fornecedores e clientes.

O desafio de melhorar a satisfação dos clientes por meio da melhoria da logística exige um enfoque totalmente integrado, que incluem a logística interna e a logística externa. Em muitas empresas, a função da logística é exercida de forma segregada. A área de  vendas, a área de gestão de estoques, a área de frota, a área de processamento de pedidos, a área de compras, a área de planejamento, a área de reclamações, operam independentemente. Todos os componentes do processo logístico precisam trabalhar orientados por um núcleo central, de modo que cada departamento seja uma parte de uma engrenagem chamada logística.

Uma das formas para aumentar a eficiência dos processos de logística, a qualidade, a redução dos custos e melhorar a satisfação dos clientes é tratar e administrar a logística da empresa de forma integrada.

Alguns autores dividem-na em:

Atividades primárias:
            Transporte
            Manutenção de estoques
            Processamento de pedidos

Atividades de Apoio:
            Armazenagem (interna e terceirizada)
            Manuseio de materiais
            Embalagem de proteção
            Compras
            Planejamento
            Gerenciamento da Informação

Esta integração pode compreender várias atividades dentro do escopo da logística, entre elas, o transporte, a armazenagem, o planejamento de produção, compras, a gestão dos estoques. Na figura abaixo vemos as várias atividades relacionadas às operações logísticas.






Figura 8-  Demonstração das principais atividades que incorporam as operações logísticas.

Como a armazenagem e o transporte nesta era da informação estão mudando e se tornando, cada vez mais, fatores de competitividade e têm influência importante na composição dos custos administrativos das empresas, é  necessário a busca constante pelos processos mais baratos, mais racionais e flexíveis.

Parte desta mudança logística tem que ser entendida como uma atividade empresarial crítica.

Entre os elementos importantes no contexto da evolução e das mudanças pelas quais passa o processo logístico, estão os seguintes, segundo alguns autores:

1- Controle dos custos
A tendência de aumentos nos custos de armazenagem (custo do capital) e de transporte (impostos, combustíveis) seguiá pressionando os custos gerais das operações logísticas.
Para ser competitivo em longo prazo, é preciso reduzir os custos operacionais, ao mesmo tempo em que aumenta a qualidade.
2- Estocagem inteligente
O conceito de operar com estoques baixos, com uma mentalidade "just-in-time", significa que a empresa deve transformar seu conceito de estocagem de uma restrita atividade de “guarda” para uma função de “estágio”.

3. Redução dos tempos de ciclo
O serviço ao cliente é chave para o sucesso atual e, para melhorar o serviço, é preciso reduzir o tempo de ciclo operacional, a fim de satisfazer às necessidades dos clientes cada vez mais exigentes.
4. Redução do espaço
Para ser um produtor eficiente de classe mundial é necessário obter o máximo de eficiência das instalações atuais. Isso inclui fazer o uso ótimo do espaço volumétrico do edifício, ao mesmo tempo em que mantém a flexibilidade das operações.

5. Separação produtiva

Considerando a importância do serviço ao cliente, a separação acurada e oportuna dos itens e a montagem dos pedidos são cruciais. A separação produtiva significa alta acuracidade, bem como alta velocidade.

6. Treinamento e capacitação de funcionários

As pessoas que trabalharão em ambientes automatizados e informatizados necessitarão serem mais bem preparadas. Capacitação constante será uma necessidade. 

7. Informação – gerenciar dados
Quanto mais precisas forem as informações disponibilizadas, maiores as chances de operar dentro dos limites ótimos da eficiência. As organizações têm que fornecer um fluxo de informações acuradas e em tempo real, condizente com o fluxo de materiais circulante por toda a fábrica. Tais dados podem ser utilizados no chão-de-fábrica ou integrados aos sistemas globais de informações da empresa. Além disso, os gestores devem saber tratar e filtrar as informações recebidas, a um tempo razoável , não impactando negativamente nos processos. 

8. Tecnologia
A empresa tem que ter a sua atenção voltada à inovação tecnológica, analisando a oportunidade e viabilidade de incorporá-las ao seu negócio.
Recursos atualizados da informática e automatização das atividades são tecnologias que devem ser analisadas. 
Nem sempre a automação de processos e atividades significa maior produtividade e rentabilidade. Em certas empresas pode ser viável a manutenção de processos com pouca automação. A tecnologia deve levar à redução de custos, redução de estoques e agilidade de operações. Algumas tecnologias que poderão evoluir nos próximos anos: 
     Paperless: redução do uso de papel, maior uso da tecnologia da informação com consequente virtualidade dos processos.
     Transelevadores: Sistemas de estocagem automatizados.
     Transportadores contínuos: automação propiciará aumento de produtividade e menor índice de falhas.
     Robôs: Assunção de trabalhos humanos delicados ou perigosos.
     Sistemas de gerenciamento dos processos: sistemas de gerenciamento nas etapas do fluxo de materiais, como WMS, TMS.

9. Tendências geográficas
Tendência de crescimento da economia em certas regiões (norte, nordeste) contra estabilização ou crescimento menor em outras.
Deslocamento de pontos de fabricação de produtos de algumas regiões para outras: apesar de o sudeste concentra a maior parte da produção, outras regiões começam a despontar no cenário manufatureiro e da distribuição (centro-oeste).
 Aumento na maior diversidade de produtos por região ou produtos específicos por região.

10. Transporte
Aéreo: redução no custo do transporte aéreo pode torná-lo competitivo, pois possui a vantagem da rapidez.

Rodoviário: deverá buscar formas de aumentar a produtividade e redução de custos (novos motores mais econômicos). Aparecimento de transportadores para operar exclusivamente em âmbito local (curtos percursos).

Ferroviário: construção de ferrovias por meio de projetos viáveis de lucratividade. Integração com outros modais.

Aquaviários: aumento de tecnologia para aumentar a velocidade. Aumento de tecnologia para acelerar a carga e descarga. Integração com outros modais.
Integração entre os modais: fundamental para aumentar a rapidez e a eficiência e reduzir os custos.
11. Flexibilidade
O surgimento de novos produtos, novos entrantes, acirramento da concorrência, novas crises, novos fatores econômicos, tudo isto pode alterar as condições e posições de mercado muito rapidamente.  As cadeias de suprimento bem sucedidas deverão ter grande flexibilidade para enfrentar as rápidas mudanças, seja em termos de demanda ou de fluxo produtivo. Esta atitude pró-ativa poderá trazer um diferencial competitivo fundamental para as empresas atuarem.
A criação de alianças e parcerias em segmentos de interesse, entre parceiros, clientes e fornecedores, poderá estabelecer relacionamentos produtivos, baseados na confiança mútua. 

12. Qualidade
Investimentos na qualidade dos serviços devem ser feitos em todas as áreas da logística. Para acompanhar as exigências regulatórias e as exigências do próprio mercado, as empresas terão a necessidade de implantar políticas de melhoria dos serviços prestados.
No âmbito destes investimentos, podemos elencar uma série de áreas que devem receber atenção dos gestores:
v  Implantação de sistema de gestão da qualidade eficaz,
v  Implantação de processo de auditoria interna e externa como forma de avaliar seu sistema de gestão da qualidade,
v  Programa de investigação de falhas e defeitos, com implantação de ações corretivas e preventivas,
v  Programa anual para suprir as necessidades de treinamentos eficazes dos colaboradores,
v  Determinação de processos mais simples,
v  Padronização de procedimentos operacionais,
v  Implantação de processos de melhoria contínua, para revisão constante do sistema de gestão da qualidade e dos processos,
v  Análise das tecnologias disponíveis e que visem à automação de processos, redução de erros, eliminação de tarefas repetitivas, redução de escrituração manual, entre outros benefícios ligados ao aumento da qualidade. 

              
7- CONCLUSÕES

Pelos dados e análises apresentadas vemos que o Brasil necessita implantar um projeto de vulto para a área logística nacional. Este plano deve focar nas diferentes áreas, desde a armazenagem, capacitação, organização, gestão de logística no nível estatal de operação, investimentos na ampliação de hidrovias, ferrovias, transporte aéreo, transporte marítimo, ampliação e melhorias na rede rodoviária nacional, dotação de estrutura aeroportuária compatível com o atual estágio de desenvolvimento e crescimento do Brasil.  

O desafio do crescimento e da expansão da economia brasileira tem um dos seus principais pilares localizado na infraestrutura de transporte, distribuição e armazenagem de bens de consumo. Não havendo investimentos na logística, com certeza enfrentaremos problemas que irão comprometer o desenvolvimento e os avanços nas demais atividades, como a indústria, os serviços e o comércio.

Estes problemas podem não se restringir aos níveis locais ou nacionais, mas poderão interferir nas exportações e importações.

O Brasil necessita remover os bloqueios que impedem e retardam o avanço da economia e, para isso, deve estabelecer um grande projeto logístico para sustentar o crescimento que se espera para os próximos anos.


 * Texto escrito no Capítulo 01 - Desafios da Logística Farmacêutica no Brasil - para o livro "LOGÍSTICA Farmacêutica Geral - da teoria à prática" dos autores Saulo de Carvalho Júnior e Sonja Helena Madeira Macedo, editora Contento, 2012.





REFERÊNCIAS

1 Gasnier, Daniel. Logística não é só transporte. Instituto IMAM, 2010.

2 Logistics World - What is logistics? – disponível em http://www.logisticsworld.com/logistics.htm, acesso em 7/02/2011.


4 Zardo, Humberto - Boas Práticas de Armazenamento, transporte e distribuição de medicamentos – 2010.

5 Moretto, LD & Calixto, J - Boas Práticas de Armazenagem e Transporte na Indústria Farmacêutica – Sindusfarma, vol. 6, 2009.

6 Macedo, S.H.M.;  Carvalho Jr, S. –Logística Farmacêutica Comentada. Editora Medfarma, 2010


8 Novaes, Antonio G.- Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição 3ª edição, 2007, Editora Elsevier, Rio de Janeiro.

9 Rezende, A. Carlos; Gasnier, Daniel G.; Carillo Jr, Edson; Banzato, Eduardo; Moura, Reinaldo A. - Atualidades na Logística, volume 3, IMAM, 1ª edição, 2005, Editora Prol, São Paulo.

10 Rezende, A. Carlos; Gasnier, Daniel G.; Carillo Jr, Edson; Banzato, Eduardo; Moura, Reinaldo A. - Atualidades na Logística, volume 2, IMAM, 1ª edição, 2004, Editora Prol, São Paulo.

11 Moura, Reinaldo. O futuro da tecnologia logística. Instituto IMAM - www.imam.com.br , 2010

12 RESENDE, Eliseu, Senador. Navegação fluvial “eclusas criarão novas vias”. Senado Federal, 2007.

13 FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. www.fiesp.org.br

14 ABIFER – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária. http://www.abifer.org.br.

15 SIMEFRE - Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários. http://www.simefre.org.br.

16 Lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976.

17 Decreto nº 79.094 de 5 de janeiro de 1977

18 Lei nº 5991 de 17 de dezembro de 1973

19 RDC nº 17 de

20 MP 2190-34/01

21 Resolução RDC nº 320 de 22/11/2002

22 Resolução RDC nº 55 - de 17 de março de 2005

23 Portaria 1052 de 29/12/1998

24 Portaria 802 de 8 de outubro de 1998

25 Resolução nº 49/02 de 28/11/2002

26 Resolução RDC nº 329 MS/ANVS de 22 de julho de 1999

27 Portaria nº 12 de 5 de janeiro de 2005

28 Decreto nº 96044 de 18 de maio de 1988.