DESAFIOS
DA LOGÍSTICA FARMACÊUTICA NO BRASIL
* Jair Calixto
1- Introdução
2- Normas
3- Requisitos
Técnicos e de Qualidade
4- Desmistificação
dos conceitos
5- Desafios
da Logística Brasileira
5.1
Como a logística pode se tornar vantagem competitiva para as empresas
6- Tendências
7- Conclusões
1- Introdução
O transporte
de medicamentos no Brasil tem diversas peculiaridades, pois, diferentemente do
transporte de outros bens, requer cuidados específicos devido a suas
características de estabilidade e sensibilidade aos fatores temperatura,
umidade e manuseio, que afetam a segurança, qualidade e eficácia do produto.
Por esta
razão, medicamentos requerem armazenagem e transporte diferenciados dos demais
produtos.
Neste
contexto, os problemas e desafios da cadeia logística de medicamentos no
Brasil, se encaixam naqueles problemas inerentes à logística em geral, mas
também requer se analise os problemas e características específicas da cadeia
de medicamentos.
2- Normas
Uma das dificuldades a serem superadas é a não existência de normas
específicas reunidas em um documento, como por exemplo, as Boas Práticas de Transporte e Armazenagem de
Produtos Farmacêuticos. Fato é que vários regulamentos foram sendo publicados
ao longo dos anos, atingindo um ou outro ponto de interesse do setor, quase
sempre abordando de modo inespecífico o transporte e a armazenagem.
A não especificação de um padrão não cria procedimentos unificados de
trabalho e dificulta a integração das diversas áreas da logística, além de não
criar vínculo ao cumprimento e ao atendimento a estes padrões.
Tais padrões deveriam estar intimamente ligados à qualidade envolvida no
transporte, na distribuição e na armazenagem.
Relacionamos abaixo as principais normas relacionadas ao transporte e
armazenagem, que podem ou não ser exclusivas a medicamentos.
Armazenagem
Lei nº 6.360, de 23
de setembro de 1976 - Dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas,
os insumos farmacêuticos e
correlatos, cosméticos, saneantes e outros
produtos, e dá outras providências.
Destacamos os artigos mais
importantes que abrangem transporte e armazenagem:
Art. 61- Quando se tratar de
produtos que exijam condições especiais de armazenamento e guarda, os veículos
utilizados no seu transporte deverão ser dotados de equipamento que possibilite
acondicionamento e conservação capazes de assegurar as condições de pureza,
segurança e eficácia do produto.
Parágrafo único. Os veículos
utilizados no transporte de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, produtos
dietéticos, de higiene, perfumes e similares deverão ter asseguradas as condições de desinfecção e higiene
necessárias à preservação da saúde
humana.
Art. 68- A ação de vigilância
sanitária abrangerá todo e qualquer produto
de que trata esta Lei, inclusive os
dispensados de registro, os correlatos, os estabelecimentos de fabricação, distribuição, armazenamento e venda,
e os veículos destinados ao transporte dos
produtos.
Decreto nº 79.094 de 5 de janeiro de
1977. Regulamenta a Lei no 6.360, de
23 de setembro de 1976, que submete a sistema de
vigilância sanitária os medicamentos,
insumos farmacêuticos, drogas, correlatos, cosméticos, produtos de higiene, saneantes e outros.
Principais artigos sobre
transporte e armazenagem:
Art. 76. As empresas que
exerçam exclusivamente atividades de fracionamento, embalagem e reembalagem, importação, exportação, armazenamento,
transporte ou expedição dos produtos sob
o regime deste Regulamento, deverão dispor de instalações, materiais, equipamentos, e meio de
transporte apropriados.
Art. 128. As empresas para realizarem o transporte de produtos sob regime
de vigilância sanitária dependem
de autorização específica, inclusive as autorizadas a industrializá-los.
Art. 129. Os veículos
utilizados no transporte de qualquer dos produtos de que trata este Regulamento, não sujeitos às
exigências do artigo 127, ficam, entretanto, obrigados a ter asseguradas as condições de desinfecção
e higiene necessárias à preservação da saúde humana.
Art. 148. A ação de vigilância
sanitária implicará também na fiscalização de todo e qualquer produto de que trata este Regulamento, inclusive os
dispensados de registro, os estabelecimentos
de fabricação, distribuição, armazenamento e venda, e os veículos destinados ao transporte dos produtos,
para garantir o cumprimento das respectivas boas práticas e demais exigências da legislação vigente.
O artigo que aborda armazenamento de medicamentos:
Art. 21 – O
comércio, a dispensação, a representação ou distribuição e a importação ou
exportação de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos será exercido
somente por empresas e estabelecimentos licenciados pelo órgão sanitário
competente dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, em conformidade
com a legislação supletiva a ser baixada pelos mesmos, respeitadas as
disposições desta Lei.
RESOLUÇÃO - RDC Nº 17,
DE 16/04/10 - Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.
Destacamos no
artigo 13, parágrafo 3º, as BPF determinam, no inciso III, que sejam fornecidos todos os recursos necessários,
incluindo:
f) armazenamento e
transporte adequados.
Diz que as empresas distribuidoras de produtos farmacêuticos devem somente efetuar transações comerciais e operações de circulação de produtos farmacêuticos, por meio de notas fiscais que contenham obrigatoriamente os números dos lotes dos produtos nelas constantes e notificar a autoridade sanitária competente, de imediato, quaisquer suspeitas de alteração, adulteração, fraude, falsificação ou roubo dos produtos que distribui, com a indicação do número dos lotes, para averiguação da denúncia, sob pena de responsabilização nos termos da legislação penal, civil e sanitária.
Resolução
RD C nº 55 - de 17 de março de 2005 – Ficam
estabelecidos, por meio do presente regulamento, os requisitos
mínimos relativos à obrigatoriedade, por parte das empresas detentoras de registros (fabricantes ou importadores),
de comunicação às autoridades
sanitárias competentes e aos consumidores e de implantação
da ação de recolhimento de medicamentos,
em hipótese de indícios suficientes ou comprovação de desvio de qualidade que representem risco, agravo ou
conseqüência à saúde, bem como para
o recolhimento de medicamentos por ocasião de cancelamento de registro relacionado à segurança e eficácia.
Resolução RDC nº 25 de 29 de março
de 2007. Dispõe
sobre a Terceirização de etapas de
produção, de análise de controle de qualidade e de
armazenamento de medicamentos.
Principais artigos referentes à
terceirização da armazenagem:
Art. 32 A empresa contratada para
terceirização de armazenamento deverá possuir a
Autorização de Funcionamento de
Empresa vigente para esta atividade.
Art. 33 Na terceirização de
armazenamento, os produtos farmacêuticos aprovados devem
estar com o registro vigente junto à
autoridade sanitária competente.
Art. 34 É vedada a terceirização de
armazenamento às empresas que não disponham de
local
de armazenamento próprio.
Portaria
802 de 8 de outubro de 1998- Institui o Sistema de
Controle e Fiscalização em toda a cadeia dos produtos farmacêuticos.
Desatacamos alguns artigos importantes:
A cadeia dos produtos farmacêuticos abrange
as etapas da produção, distribuição, transporte e dispensação. As empresas
responsáveis por cada uma destas etapas são solidariamente responsáveis pela
qualidade e segurança dos produtos farmacêuticos.
Os fabricantes devem colocar em todas as
unidades de produtos farmacêuticos o código de barra para identificação do
produto.
As
embalagens secundárias (cartucho) de todos os medicamentos destinados e
comercializados no varejo devem conter identificação através de tinta reativa
e, sob esta, deverá constar a palavra qualidade e logomarca da empresa.
As embalagens primárias e/ou secundárias (cartucho) de
todos os medicamentos comercializados no varejo devem conter lacre ou selo de
segurança.
Os fabricantes devem identificar os lotes dos seus
produtos e as embalagens primárias e secundárias deverão ter o mesmo número de
lote e prazo de validade. Deverão informar em suas notas fiscais de
venda, os números dos lotes dos produtos nelas constantes.
O distribuidor deverá dispor
de meios e recursos informatizados para conservar a documentação, sob a forma
de fatura de compra e venda, relacionada a qualquer transação de entrada e
saída, que contenha, entre outros, número
do lote e quantidade recebida ou fornecida.
Resolução MERCOSUL/GMC/RES. Nº 49/02 de 28/11/2002 -
Aprova o “Regulamento Técnico MERCOSUL sobre Boas Práticas de Distribuição de
Produtos Farmacêuticos”.
Destacamos os principais pontos desta norma:
Os
Requisitos gerais, como: possuir diretor técnico/ farmacêutico
responsável/ regente, pessoal capacitado, instalações e áreas físicas
adequadas, segurança dos produtos em relação a sinistros e desvios,
equipamentos de controles e de registros de temperatura, umidade, registro
documentado das condições ambientais de armazenamento; instruções para seu
transporte; limpeza e manutenção das instalações, incluindo os controles de
insetos e roedores; sistema de gestão de qualidade que permita a
rastreabilidade dos produtos, entre outros.
Pessoal: deve ser em número suficiente de pessoal, com as qualificações e experiências
necessárias e a responsabilidade técnica deve ser assumida por um profissional
farmacêutico/ químico farmacêutico responsável, que exerça a função de diretor
técnico/farmacêutico responsável/ regente.
Edifícios e instalações: devem ser consideradas como necessárias as áreas de recepção,
armazenamento, expedição, administração, devolução/ recolhimento do mercado e
áreas auxiliares, salas de descanso e de lanche separadas das demais áreas.
Também constam da norma, a Limpeza dos locais, os Equipamentos, Recepção,
Armazenamento, Abastecimento, Transporte, Devolução e reclamações, Recolhimento
do mercado, Produtos adulterados e falsificados, Autoinspeção e um guia de Boas Práticas de Armazenamento na cadeia de distribuição de produtos
farmacêuticos.
Geral
Portaria nº 344 de 12 de maio de 1998.
Resolução CFF Nº 387 – 13 de
dezembro de 2002.
Lei nº 11.903 - de 14 de janeiro de
2009.
Importação
e Exportação
Resolução RDC nº 346 de 16/12/2002.
Resolução RDC Nº 81, de 5 de
novembro de 2008.
Resolução CFF Nº 495 de 27 de
novembro de 2008.
Transporte
Resolução RDC nº 329 MS/ANVS de 22 de julho de 1999 - Institui o Roteiro
de
Inspeção para transportadoras de medicamentos, drogas e insumos farmacêuticos.
Este roteiro contém os seguintes itens:
Administração e informações gerais;
Organização;
Almoxarifado;
Classificação e critérios de
avaliação para os itens do roteiro de inspeção.
Portaria
n° 1.052, de 29 de dezembro de 1998 - Aprova
a relação de documentos necessários para habilitar a empresa a
exercer a atividade de transporte de produtos farmacêuticos
e farmoquímicos, sujeitos à vigilância sanitária.
Portaria
nº 12 de 5 de janeiro de 2005 - Regulamento
Técnico MERCOSUL sobre Boas Práticas
de Transporte de Produtos Farmacêuticos e Farmoquímicos nos Estados Parte do Mercosul. MERCOSUL/ XXIII SGT Nº
11/ P. RES. Nº 09/04-REGULAMENTO TÉCNICO MERCOSUL
SOBRE BOAS PRÁTICAS DE TRANSPORTE DE
PRODUTOS FARMACÊUTICOS E FARMOQUÍMICOS
Nos seus “REQUISITOS
GERAIS”, destacamos algumas responsabilidades:
Para seu
funcionamento, as empresas transportadoras de produtos farmacêuticos devem
estar legalmente constituídas; ser
autorizadas / licenciadas; manter contrato de prestação de serviços de transporte; comprovação/habilitação de
assistência profissional competente para as Boas Práticas das Atividades envolvidas; dispor de infra-estrutura
necessária para garantir o desenvolvimento
das atividades de transporte de produtos farmacêuticos e/ou farmoquímicos; contar com um programa de capacitação para o
pessoal responsável por ditas tarefas; os veículos
autorizados para o transporte de produtos farmacêuticos e/ou farmoquímicos
deverão respeitar e garantir
as condições gerais e específicas de armazenamento e conservação dos produtos; os produtos não deverão ser
transportados com outros materiais que possam apresentar
possibilidades de contaminação; respeitar as recomendações presentes na embalagem incluindo o empilhamento máximo
recomendado pelo fabricante; dispor de procedimentos
operativos escritos relativos às operações realizadas; transportar produtos farmacêuticos legalmente autorizados ou
registrados no Estado Parte e entregar produtos farmacêuticos somente às empresas/instituições
autorizadas/licenciadas pela Autoridade Sanitária
Competente.
NBR
14884 - Transporte rodoviário de carga - Sistema de qualificação –
ago/2002.
Resolução
CFF nº 433, de 26 de abril de 2005. Regula
a atuação do farmacêutico em empresa de transporte terrestre, aéreo,
ferroviário ou fluvial, de produtos
farmacêuticos, farmoquímicos e
produtos para saúde.
Decreto
nº 96044 de 18 de maio de 1998. Aprova
o Regulamento para o Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências.
Segurança
e Meio Ambiente
Decreto nº 8.468, de 8 de setembro de 1976.
Portaria MIN TER nº 100/80 de
14.07.1980.
Portaria IBAMA nº 85/96 de
17.10.1996.
Resolução RD C nº 306, de 07 de
dezembro de 2004.
Legislação Internacional
- WHO World Health Organization Technical Report Series, No. 937, 2006 Annex 5 Good distribution practices
for pharmaceutical products.
- WHO
World Health Organization Technical Report Series, No. 908, 2003 – Annex 9 Guide to good storage
practices for pharmaceuticals.
- WHO
World Health Organization Technical Report Series, No. 917, 2003. Annex 2 - Good trade and
distribution practices for pharmaceutical starting
materials.
-
Health Canada – Guidelines for temperature Control of Drug products during storage na Transportation
- USP
– Good Storage and Shipping Practices <1079>
- PDA
– Guidance for temperature-controlled Medicinal products: maintaning the Quality of
temperature-Sensitive medicinal products through
the Transportation Enviroment.
3- Requisitos Técnicos e de Qualidade
3.1 Política
da Qualidade e Manual da Qualidade
Um
dos pressupostos básicos da implantação de um sistema da qualidade é registro
formal dos procedimentos utilizados, como forma de padronizar atividades. Uma importante
ação é a elaboração de Políticas de Qualidade que definam as diretrizes
específicas e as responsabilidades de cada elemento envolvido no processo.
As
Políticas da Qualidade descritas em um Manual da Qualidade permitem que os
funcionários apliquem, consistentemente,
os requisitos de qualidade exigidos aos produtos farmacêuticos e a todos os
processos de manuseio, transporte, armazenagem e distribuição.
Dentre
os elementos que podem compor o Manual da Qualidade, podemos elencar:
Ø Rastreabilidade.
Ø Administração de estoque pelo Sistema FIFO
(first in first out = primeiro que entra primeiro que sai).
Ø Controle
apurado do estoque e inventário freqüente.
Ø Prazo de Validade dos materiais e produtos.
Ø
Procedimentos Operacionais das atividades.
Ø Higiene,
Sanitização e Limpeza
Ø
Controle de Pragas
Ø
Avarias
Ø
Procedimento em Caso de Sinistros
Ø Desvios de
qualidade e não conformidades (CAPA); respostas ao cliente
Ø Políticas e
programa anual de Treinamento de funcionários
Ø
Instruções de Movimentação de produtos
Ø
Registros das atividades.
Ø Auditorias
internas.
Ø Auditorias externas.
Ø Medidas de
Controle para os produtos que requeiram cuidados para Temperatura, Umidade
Relativa, Incidência UV. Áreas com temperaturas
controladas: devem ter monitoramento e registro do armazenamento dos produtos.
Ø
Espaço físico adequado para propiciar capacidade suficiente para armazenamento ordenado e
manutenção da organização e limpeza . As áreas físicas de movimentação devem ser
definidas e identificadas de acordo com a finalidade e o fluxo de pessoas e
materiais. Devem, ainda, contemplar o
Recebimento, a Expedição, a Administração, as Devoluções, os Recolhimentos e
Devoluções do mercado e os produtos a Destruir;
Ø
Compatibilidade das
operações de manuseio e armazenamento executadas nos diferentes setores.
Ø Observação
dos padrões e Normas para dimensões:
o paletes,
o posição,
o altura em
relação ao solo,
o distância
das paredes,
o estrutura - sustentação.
Ø Sistema de
discriminação da condição dos produtos e materiais, conforme sua separação no
almoxarifado:
o
Aprovado
o
Reprovado
o
Quarentena
o
Destruição
o
Recolhidos
o
Devoluções
o
Controlados em área segregada
o
Refrigerados em câmara refrigerada.
Ø Controle dos Materiais e Produtos
incompatíveis:
o
Oxidantes e Redutores.
o
Inflamáveis, Reativos e Corrosivos.
o
Materiais não produtivos, peças,
marketing, outros,
o
Não farmacêuticos.
Ø
Áreas auxiliares, salas de descanso, de
lanches, vestiários, lavatórios e
sanitários sem comunicação direta com o armazenamento.
Ø
Espaços ao redor das áreas externas
pavimentados;
Ø
Facilidade para a manobra de caminhões;
Ø
Lavatórios e instalações sanitárias em
condições adequadas;
Ø
Pisos e paredes com superfícies sem
rachaduras.
3.2
Requisitos Básicos de Qualidade no Transporte
Procedimentos de Transporte
Preservar
integridade e segurança durante o trajeto de transporte.
Fatores
que podem influenciar na qualidade e segurança do produto:
Ø Acondicionamento do produto: embalagens
terciárias e demais acessórios para guarda e manuseio;
Ø Volume/Quantidade: carga fracionada (caixas
soltas) ou consolidada;
Ø Carregamento e Descarregamento da carga: forma
de tratamento e manuseio;
Ø Porte e característica do veículo;
Ø Distância do trajeto: entre o ponto de origem
e destino;
Ø Tempo de viagem: horário de saída e chegada no
destino;
Ø Condições de temperatura e umidade externos;
Ø Pontos e horários de parada;
Ø Programa
de Inspeção, Limpeza , Sanitização e Dedetização dos veículos.
Ø Carregamento
e Descarregamento.
Ø Qualificação
Térmica
Ø Produtos que necessitam de
controle e manutenção de temperatura devem ser transportados em veículos
isotérmicos, refrigerados ou embalagem térmica. A instalação de sensores de
temperatura nos veículos irá depender de avaliação entre a relação tipo de
veículo versus grau de risco ao produto durante o transporte.
Ø Tratamento
às não conformidades
Ø Sinistros
3.3
Segurança (avarias, sinistros,
acidentes)
Sinistros
v Registros das ocorrências.
v Manuseio/movimentação adequada.
v Segregação dos sinistrados.
v Comunicação:
órgãos regulatórios, fabricante e autoridades.
v Rastreabilidade das informações.
v Acidentes no transporte de produtos perigosos:
Decreto 96044 de 18/05/1998.
v Produto perigoso fracionado: acondicionamento
adequado.
Transporte de
produto perigoso: NBR 7500 e NBR 8286.
v Transporte de produto perigoso com
medicamento:
v Compatibilidade entre 2 (dois) ou mais
produtos.
v Antes do manuseio dos materiais, conhecer as
FISPQ .
§ Proteção
ao pessoal da operação (roupas, óculos, máscaras, luvas).
§ As
pessoas devem ser treinadas para o manuseio de substâncias altamente potentes,
voláteis ou material biológico;
v Treinamento contra incêndios.
v Brigada contra incêndios.
3.4. Relação
entre as áreas de Qualidade e Logística
Um importante
fator de incremento da qualidade no segmento é a capacidade de relacionamento
entre as áreas de logística e da qualidade (notadamente controle da qualidade e
garantia da qualidade).
Quando estes
dois departamentos trabalham de forma harmônica, os resultados tendem a ser
mais consistentes ao processo como um todo.
Mais o que
fazer, como proceder para que as áreas envolvidas criem sinergia que movimente
positivamente as pessoas na obtenção de resultados com padrões elevados para a
empresa?
Entendimento da missão da empresa: a missão da empresa deve estar
claramente difundida entre todas as áreas e as pessoas devem ser treinadas para
isso.
Proximidade entre as áreas Q/L: devem trabalhar muito próximas, com
difusão de informações de interesse comum, com elaboração de reuniões
freqüentes para alinhamento das necessidades e do programa de produção e
análise.
Relacionamento ótimo entre as
gerências: Os
gestores destaa áreas devem liderar pelo exemplo. Se os gerentes se relacionam
de forma pró-ativa e profissional, os subordinados levarão isso em conta e as
atividades de rotina tenderão a ser melhor administradas, com muito menos
atritos e incompreensões.
Garantia da Qualidade deve treinar e
distribuir as diretrizes para a Área de Logística, formalmente: cabe à garantia da qualidade
distribuir as informações sobre Boas Práticas de Fabricação, executar
auditorias e informar a área de logística sobre falhas e desvios de qualidade
que podem afetar os materiais e os produtos. Também compete a GQ, auxiliar as
diferentes áreas da Logística sobre os treinamentos necessários do seu pessoal.
Indústria farmacêutica é um segmento
diferente dos demais:
O setor farmacêutico possui diferentes características e peculiaridades que o
distinguem de outros setores da economia.
Quais são
estes pontos? Alguns pontos específicos são:
FIFO: A separação de produtos deve
contemplar o critério de “primeiro que entra, primeiro que sai, ou seja
produtos e materiais que vencem primeiro são os primeiros a serem expedidos ou
colocados em processo.
Data de
validade: Todos os
produtos possuem data de validade que devem ser controladas regiamente, sob
pena de a empresa manter em seus estoques materiais e produtos vencidos ou
próximos do vencimento. Estas condições são impróprias para venda. É importante
um sistema de administração de estoques que considere estas situações.
Recomenda-se um sistema informatizado, por possuir uma condição de controle
automático de conciliação dos estoques.
Diferentes condições dos produtos no armazém: Os produtos podem estar Aprovados – liberados para
comercialização. Reprovados- impossibilitados de serem vendidos. Quarentena-
aguardando alguma etapa do processo para continuidade. Recolhidos e Devolvidos – impossibilitados de serem comercializados e
aguardam uma definição.
Controle
de Temperatura, Umidade, Radiação Solar, Pragas: os produtos farmacêuticos normalmente
são muito sensíveis à temperatura e umidade e, por esta razão devem estar em
área que possibilite o controle e o registro destas condições, conforme
especificado em norma. Por outro lado não podem estar em locais descobertos que
possam expô-los ao sol e chuva e às pragas.
Rastreabilidade: o produto farmacêutico deve ser
rastreável durante todo o seu ciclo de vida e em todas a etapas da cadeia
farmacêutica. A rastreabilidade serve para possibilitar que o produto seja
rapidamente recolhido do mercado em caso do aparecimento de um falha de
qualidade que possa comprometer a segurança, a qualidade e a eficácia.
Armazenagem
separada para:
o
Oxidantes x Redutores –
podem reagir entre si causando acidentes e devem estar em locais isolados.
o
Inflamáveis, Reativos e Corrosivos –
podem prejudicar os outros produtos ou causar acidentes e devem estar locais
isolados.
o
Materiais não produtivos, peças,
marketing, outros – devem estar separados, com identificação adequada.
o
Não farmacêuticos – não podem estar
juntos com os produtos farmacêuticos, mas em áreas separadas por identificação.
Por estes
motivos as pessoas que trabalham nestas áreas devem ter a compreensão adequada
sobre estas especificidades para que as atividades de:
- comprar
- receber
- movimentar
- armazenar
- separar
- planejar
- transportar
- distribuir
os produtos, as matérias primas e os materiais
de embalagem, possam ser executadas seguindo as diretrizes para os cuidados
referentes à qualidade, segurança e eficácia.
Entender e compreender dificuldades
específicas e comuns: a
integração entre estas áreas significa que ambas devem conhecer exatamente suas
interfaces e a dimensão de problemas que afetam a ambas, bem como os problemas
mais específicos de cada uma das áreas. Esta compreensão mútua tem um sentido
de possibilitar que uma área possa compreender as dificuldades da outra e agir
proativamente, quando ocorrerem os problemas e dificuldades.
Garantia da Qualidade pode auxiliar a
logística nos pontos críticos:
A GQ pode contribuir com a Logística de modo
a aumentar a produtividade e reduzir os tempos de processo. Através da
qualificação e da certificação de fornecedores a empresa pode ganhar em
produtividade quando a GQ aprova um número adequado de fornecedores de
qualidade comprovada e executa a certificação de fornecedores.
A qualificação de fornecedores coloca à disposição da logística número de
fornecedores em quantidade suficiente para que o departamento de compras possa
ter opções diferentes de prazos, custos e materiais.
A certificação estabelece os requisitos de qualidade assegurada, de modo
que os produtos tenham os testes de qualidade reduzidos ao mínimo, acelerando o
recebimento e a utilização nos interna dos materiais.
Planejamento de Produção bem
organizado aumenta a dinâmica da operação: uma boa estrutura da área de planejamento, com
conhecimento de todas as máquinas, processos, tempos necessários e
peculiaridades inerentes a cada processo pode trazer muita agilidade à
programação de produção. É importante esta área tenha uma proximidade muito
estreita com as áreas produtivas e de qualidade. Esta proximidade facilita a
troca de informações e as necessidades específicas de cada um, de modo que o
planejamento da produção um acordo e um compromisso de metas de todos.
Esta
proximidade também traz benefícios à melhoria e/ou manutenção dos tempos reais
de processo.
Figura 1- A melhora da produtividade pode ser alcançada através da
certificação de fornecedores e pelo eficiente planejamento de produção.
Diretrizes de Qualidade: a compreensão inadequada e a ausência de clareza sobre elas pode causar
impacto na qualidade dos produtos e serviços, conforme apresentado na figura 2.
Neste sentido a área da Qualidade tem a responsabilidade em apresentar e
transferir todas as normas importantes para os processos para as diferentes
áreas da logística da empresa, de modo formal. O treinamento também pode fazer
parte deste trabalho, como forma de garantir a aplicabilidade e disseminação
delas pelos diversos setores e funcionários.
Figura 2- Problemas
que podem ocorrer em decorrência do desconhecimento das normas ou de sua
aplicação incorreta.
5 A evolução da qualidade nas áreas de
transporte e armazenagem nas indústrias farmacêuticas
Apesar de haver
necessidade de padronização de normas e regulamentos específicos, já
mencionadas acima, é sabido que houve uma evolução da qualidade nesta áreas.
Citamos
algumas destas melhorias:
v Publicação de novas regulamentações genéricas
ou relativamente específicas para o setor, nos últimos 10 anos.
v O estabelecimentos de requisitos para
armazenagem, transporte e distribuição de medicamentos.
v A implementação da Certificação de Boas
Práticas de Distribuição e Armazenagem e das inspeções para a distribuição e
armazenagem de medicamentos.
v Além disso, novos requisitos técnicos surgem
a cada dia, por força do aumento do conhecimento e da evolução tecnológica,
como por exemplo:
→
estudo
de estabilidade para prever excursão de temperatura.
→
estudos
de estabilidade na armazenagem de granel.
→
qualificação
da cadeia de transporte.
→
monitoramento e controle da cadeia de frio.
→
compatibilidade
de cargas.
Figura 3- É preciso uma
harmonização e consolidação das normas para disciplinar e padronizar
conceitos.
4- Desmistificação
dos conceitos
Logística não envolve apenas transporte
Apesar do desenvolvimento das técnicas
e de conceitos, ainda existe muita confusão em relação ao significado da
palavra logística. Não é por falta de conhecimento, mas é que esta área
corporativa ainda está em desenvolvimento e em estruturação, pois a cada dia
novos conhecimentos e atividades são incorporados a ela, de modo que sua
consolidação ainda não ocorreu.
Logística: é uma
ciência militar que trata do alojamento, equipamento e transporte de tropas,
produção, distribuição, manutenção e transporte de material e de outras
atividades não combatentes relacionadas. Segundo
o dicionário Michaelis
Logística: São processos da cadeia de suprimentos que planejam,
estruturam e controlam, de forma eficiente e eficaz, o fluxo de armazenamento
dos bens e serviços e da informação relacionada, desde o ponto de origem até o
ponto de consumo, para satisfazer aos requisitos do cliente. Segundo o Council of Logistics Management
Logística é definida como uma plataforma de
planejamento de negócios para o gerenciamento materiais, serviços, informações e fluxo de capital. Ela inclui a informação, comunicação e controle de
sistemas requeridos no ambiente corporativo atual² Segundo
Logistix Partners Oy, Helsinki, FI, 1996).
Logística
Empresarial: “trata de todas atividades
de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto
de aquisição da matéria prima até o pnto de consumo final, assim como dos
fluxos de informações que colocam os produtos em movimento, com o propósito de
providenciar níveis de serviço adequados ao clientes a um custo razoável”
conforme definição de Ronald H. Ballou.
Figura 4 – Elementos básicos de logística.
Conforme Antonio Galvão Novaes – Logística e gerenciamento da cadeia de
distribuição, 2007.
Desde sua concepção na aplicação
militar, o escopo da logística envolve todos os processos de abastecimento nos
bastidores das operações bélicas. Não é nenhum pouco diferente no âmbito das atividades
empresariais. Portanto, é fácil perceber que a mesma abrange tanto as
atividades de suprimentos e de distribuição, quanto os processos da logística
interna, seja em uma indústria, em um centro de distribuição ou no varejo
(força motriz responsável pela dinâmica das cadeias de abastecimento).
A logística envolve uma dezena de
atividades importantes e não podemos tratá-la como se fosse apenas o transporte
de mercadorias. Deve-se notar que antes de embarcar uma mercadoria, toda e qualquer
empresa precisa¹:
→ processar e administrar as informações,
→ desenvolver fornecedores,
→ acionar compras,
→ receber, checar e analisar materiais,
→ embalar e movimentar produtos,
→ estocar produtos apropriadamente
→ planejar e controlar estoques e
produção,
→ movimentar e estocar mercadorias,
→ otimizar layouts
→ estabelecer fluxos lógicos de
materiais e pessoas,
→ qualificar colaboradores e parceiros,
→ medir e gerenciar custos,
→ avaliar e auditar a qualidade
Todas essas atividades estão incluídas na logística empresarial, do transporte à armazenagem.
E todos esses processos têm uma
importância vital para o negócio, implicando diretamente na sua viabilidade
econômica e em vantagens competitivas.
Sem essas atividades, não haveria a
integração dos processos e, portanto, comprometeria o fluxo ordenado de
informações e serviços.
Onde a logística interna está
comprometida, os custos podem até inviabilizar processos produtivos,
deteriorando eventuais vantagens competitivas conquistadas nos demais
processos.
Podemos afirmar que sem uma integração
precisa das operações logísticas, no ambiente interno e no ambiente externo, os
fluxos podem ser interrompidos, ocasionando rupturas no atendimento das
demandas, na organização das atividades e no controle dos processos.
O transporte não se resume apenas a
caminhões
No Brasil,
com exceção dos especialistas que atuam em logística, quando nos referimos à atividade
de transporte, pensamos logo em caminhões carregados, com baú ou uma lona
recobrindo a carga trafegando pelas estradas brasileiras. Esta é a visão que muitas
pessoas têm sobre transporte. Por outro lado, não sabemos definir corretamente
o termo logística, tampouco entendemos
ou conhecemos sua verdadeira abrangência.
O setor
deveria disseminar os outros meios de transporte, como forma de transferência e
divulgação de conhecimento para toda sociedade. Eles existem, estão sendo
utilizados, mas não da forma como deveriam. Se não existe uma demanda, não
existe investimento. É comum pensar exclusivamente que apenas existe o
rodoviário como forma principal de transporte de produtos.
Brasil deve
começar a desenvolver os outros meios de transporte para aumentar a
flexibilidade, reduzir os tempos de percurso, reduzir custos, aumentando a
competitividade. Além do transporte rodoviário, entre os demais meios de
transporte mais utilizados, temos o fluvial, o ferroviário, o aéreo e o
marítimo (que inclui a cabotagem). Ver na tabela 1 a distribuição dos
diferentes meios de transporte.
Claro que o
uso dos demais meios de transporte não depende apenas da vontade do setor, mas
também de infra-estrutura adequada e investimentos propiciados por órgão
governamentais.
Nos capítulos
a seguir aprofundamos um pouco mais a análise dos diferentes meios de
transporte, bem como suas vantagens e desvantagens.
5- Desafios da
Logística Brasileira
5.1 Como a logística pode se tornar vantagem
competitiva para as empresas
Processos
Externos - que podem ser controlados
pela empresa
Problemas
Transporte caro: normalmente feito por rodovias, o
transporte está à mercê dos preços de combustíveis, de estradas mal construídas
e com falta de manutenção, das diminutas quantidades transportadas (quando
comparado ao transporte ferroviário/fluvial) e das longas distâncias do nosso
território.
O transporte
costuma representar o elemento mais importante do custo logístico na maior
parte das firmas. O frete costuma absorver 2/3 do gasto logístico. Por esta
razão o especialista em logística deve ter um bom conhecimento deste tema.
Estoque caro: os custos de manutenção dos estoques são
elevados, razão pela qual é necessária uma política de estoques reduzidos e de
entregas baseadas no sistema just-in-time para redução dos custos envolvidos.
Os custos podem
ser classificados em:
Custos de
manutenção do estoque: todos os custos necessários para manter certa quantidade
de mercadorias por determinado espaço de tempo.
Custos de
compra: são os custos envolvidos para reposição dos estoques.
Custo de
falta: são aqueles que ocorrem quando há
falta de um item sob demanda e podem ocorrer por vendas perdidas ou por
atrasos.
É preciso
compreender todas as nuances dos custos dos estoques e as interferências sobre
a gestão dos armazéns para que se mantenha controle sobre os custos logísticos
totais.
Manutenção cara do espaço: o espaço custa, por este motivo a
ocupação deve ser plena e com total flexibilidade de manuseio. Não é aceitável
a existência de espaços vazios nas prateleiras.
Movimentação no armazém: rapidez, agilidade e precisão requerem
um certo grau de automação e o uso de sistemas informatizados preparados para
prover movimentação ágil, racional e precisa, refletindo em elevação da
produtividade.
Baixo volume da indústria farmacêutica: comparativamente a outros setores, a
indústria farmacêutica consome quantidades pequenas de materiais de embalagem e
de matérias primas. Este fato impossibilita negociações preço x volume e mostra
que a área de logística farmacêutica deva usar toda a criatividade para propor
formas baratas de aquisição e administração dos materiais.
Ausência de tecnologia apropriada: é sempre importante conhecer os avanços
na área, referentes aos sistemas de movimentação automática em armazéns,
softwares de gerenciamento e
administração de estoques, das atividades e dos produtos.
Harmonização e consolidação dos
regulamentos: é
necessária para padronizar as atividades.
Ações e
Melhorias possíveis
Fornecedor
parceiro. A exemplo do que ocorre na indústria automobilística, a indústria farmacêutica
também pode e deve formar acordos com os fornecedores para o suprimento de
materiais. Dois destes processos são as compras com entregas programadas e o
sistema just-in-time (sistema de entrega a tempo).
Implantação
do sistema de entrega a tempo: o just-in-time possibilita a entrega programada de materiais,
reduzindo os estoques, os custos, o tempo de processo e aumentando a
produtividade. Envolve um acordo detalhado com os fornecedores e com a área de qualidade.
Entradas
programadas: compras anuais podem ser negociadas com fornecedores,
principalmente de materiais de embalagem, para que as entregas possam ser
feitas em parcelas em espaços de tempos pré-estabelecidos entre as partes.
Infelizmente não são todos os materiais que podem se valer destes
procedimentos.
Fornecedor
certificado. A implantação de um sistema de
certificação de fornecedores pode reduzir os estoques, fazendo com que os
materiais sejam recebidos e inseridos no processo produtivo sem a necessidade
de extensos testes de qualidade. A melhoria imediata resulta em redução de estoques,
redução de custos de análise e de estoques e maior flexibilidade
produtiva.
Harmonização
materiais. Harmonizar
materiais padronizando o máximo de embalagens e matérias primas é uma tarefa
que consome bastante planejamento e trabalho, mas seus resultados podem ser
expressivos, com redução no número de materiais adquiridos, maior poder de
negociação através do aumento da quantidade de materiais comprados,
possibilidade de entregas programadas e de redução nos entoques.
Automatização: dependendo
do tamanho das operações e do espaço de armazenagem torna-se imprescindível
buscar tecnologias de automação, seja no controle das operações, seja na
operacionalização e manuseio. Tornarão os processos mais ágeis, dinâmicos,
precisos e rápidos.
Estas melhorias podem trazer resultados benéficos como, conforme a figura
2:
Figura 5 - Benefícios potenciais que podem ser alcançados pela aplicação
de algumas ações de melhorias em logística..
Processos externos - que não podem ser
controlados pela empresa
Estes
processos necessitam de uma ação voltada à governança estratégica do setor para
com os órgãos governamentais no sentido de propor ações que visem a execução de
investimentos para o desenvolvimento do setor.
Os Maiores
Desafios
Rodovias
Necessitam investimentos para aumentar a malha rodoviária e executar a
manutenção e a melhoria das existentes. Insegurança causada pelas péssimas
condições das estradas, como sinalização insuficiente, pista de rolamento
esburacada, inexistência de estrutura de apoio ao longo de muitas das rodovias,
entre outras.
Segurança
Insegurança causada pela falta de
patrulhamento e policiamento em algumas rodovias, propiciando assaltos contra
os transportadores.
Frota
Rodoviária Antiga
É um problema ligado ao custo do
transporte. Frota antiga, maior gasto com manutenção e combustíveis, obviamente
aumenta os custos do transportador.
Infraestrutura
de transporte Brasil.
Falta de planejamento e política
específica orientada para o segmento. A infraestrutura existente atualmente é
falha, ineficiente para acompanhar o crescimento das operações logísticas e as atividades industriais do Brasil.
Os portos e aeroportos estão com
capacidade limitada, produtividade insuficiente e carente de tecnologia.
Malha viária insuficiente seja, nos
grandes centros, seja nos menores centros que começam a se expandir. Poucas
opções em transporte por hidrovias. Falta de estrutura de armazenagem e
transbordo.
Ferrovias, apesar do crescimento que
tem se observado, ainda necessita expansão mais acelerada para acompanhar o
desenvolvimento. Na tabela 1 é possível enxergar o desequilíbrio entre os
diferentes modais e os potenciais a serem trabalhados nos outros modais pouco
explorados, como aquaviário e aeroviário.
|
Tabela
1- Matriz de transportes do Brasil e do Estado de São Paulo, demonstra
um desequilíbrio entre os diferentes modais, o que aponta para a necessidade de
readequações.
*Fonte: Ministério dos Transportes (2006) **Fonte: Secretaria de Transportes do Estado (2000)
*Fonte: Ministério dos Transportes (2006) **Fonte: Secretaria de Transportes do Estado (2000)
Infraestrutura
de gestão e planejamento.
Falta de planejamento e gestão em
portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e hidrovias, de modo a imprimir maior
celeridade às movimentações nestes locais. É comum a espera de caminhões por
falta de espaço, de organização, ou por excesso de burocracia nos trâmites.
Longas
distâncias percorridas
As distâncias a serem percorridas
através do país dificultam as operações logísticas e, com a insuficiência
atual, não permite uma rápida distribuição dos produtos, também não permite
diminuição de preços e dificulta a integração.
Custo do
transporte
O transporte
costuma representar o elemento mais importante do custo logístico na maior
parte das firmas. O frete costuma absorver 2/3 do gasto logístico³. Por esta
razão o especialista em logística deve ter um bom conhecimento deste tema.
Composição
dos custos do transporte rodoviário:
ü Frete-peso: relacionados com a
atividade do transporte (peso/volume/distância), Frete-valor: relacionado com
valor da mercadoria e responsabilidades por acidentes e avarias,
ü GRIS: riscos e roubos de cargas,
ü Taxas: valores específicos por serviços
adicionais,
ü Pedágios: reembolso destacado no
conhecimento,
ü Lucro.
Estimativas realizadas em determinadas áreas mostram que
os custos do transporte hidroviário e ferroviário podem ser mais de cinco vezes
os custos do transporte rodoviário. Por estes motivos é de suma importância
avaliar todas as possibilidades de integração dos diferentes meios de
transportes, através da multimodalidade.
Modo
|
Preço $/tonelada milha
|
Ferroviário
|
3,16
|
Rodoviário
|
14,00
|
Hidroviário
|
1,00
|
Duto
|
1,22
|
Aéreo
|
46,80
|
Tabela
2- Preço médio por tonelada milha conforme modal nos EUA. Fonte Logística
empresarial, Ronald H. Ballou
Modal de transporte
|
Custo
1= Máx.
|
Tempo médio de entrega
|
Absoluto
1= mínimo
|
Porcentual
1= mínimo
|
Perdas e danos
1= mínimo
|
Ferroviário
|
3
|
3
|
4
|
3
|
5
|
2
|
2
|
3
|
2
|
4
|
|
Hidroviário
|
5
|
5
|
5
|
4
|
2
|
Dutoviário
|
4
|
4
|
2
|
1
|
1
|
Aeroviário
|
1
|
1
|
1
|
5
|
3
|
Tabela 3-
Classificação relativa de custos e desempenho operacionais dos diversos modais
de transporte nos EUA. Fonte: Logística empresarial, Ronald H. Ballou
Os custos do
transporte nos EUA participam com mais de 60% dos custos logísticos totais,
conforme pode-se observar na tabela 4.
Custos gerais
|
% do total
|
Juros
|
2,3
|
Impostos
|
22,4
|
Subtotal
|
24,7
|
Custos de
Transporte
|
|
Rodoviário intermunicipal
|
33,0
|
Rodoviário urbano
|
17,1
|
Ferroviário
|
4,1
|
Hidroviário
|
2,7
|
Dutos
|
0,9
|
Aéreo
|
3,8
|
Subtotal
|
60,8
|
Outros
Custos
|
|
Armazenagem
|
8,1
|
Custos de despacho
|
2,6
|
Administração da logística
|
3,8
|
Subtotal
|
14,5
|
Total
|
100,0
|
Tabela 4- Custos
logísticos nos EUA em 2004. Fonte: Conforme Antonio Galvão Novaes – Logística e
gerenciamento da cadeia de distribuição, 2007.
Falta da
mão de obra especializada
A dificuldade em encontrar
profissionais qualificados cria problemas nas operações das empresas,
principalmente referentes ao transporte rodoviário. Este problema está se
acentuando, em função do bom crescimento que o Brasil tem experimentado nestes
anos de 2008 a 2010 e as excelentes perspectivas para os anos de 2011 e
2012.
Ações e
Melhorias possíveis
Redefinição dos conceitos de
transporte.
Transporte não é somente feito por rodovias. Transporte engloba vários tipos de
veículos circulando por diferentes vias. O transporte então, pode ser feito
por:
→
Ferroviário,
onde a quantidade de carga transportada é maior que aquela transportada por
caminhões, com custo menor. A malha ferroviária brasileira possui aproximadamente
29.000 km e no Estado de São Paulo cerca de 5.400 km. Os processos de
privatização do sistema iniciaram-se em 1996, e as empresas que adquiriram as
concessões de operação desta malha, assumiram com grandes problemas
estruturais. A transferência da operação das ferrovias para o setor privado foi
fundamental para que esse setor voltasse a operar. As empresas que operam a
malha ferroviária brasileira. Felizmente
existe um crescimento na produção de locomotivas e vagões (conforme se vê pelo
gráfico da figura 6). Mas isto por si só não é suficiente, já que necessita de
elevados investimentos governamentais para a construção de ferrovias e
estrutura relativa à rede ferroviária. Veja a distribuição de custos na tabela 2
e 3, acima.
→
Figura
6- Gráfico da Produção Brasileira de Locomotivas. Fonte: Simefre/ABIFER
→ Hidroviário, onde a quantidade de
carga transportada também pode ser expressiva, aproveitando os recursos
naturais de cada região. Particularmente no Brasil, este meio de transporte
pode ser muito útil em virtude da grande ocorrência de rios. É um meio de
transporte dos mais econômicos, exigindo menor consumo de combustíveis, pois o
deslocamento das embarcações sobre a água requer muito menos energia do que
sobre pavimentos rodoviários e até sobre trilhos ferroviários.
Segundo
dados do senado federal, em algumas situações, o consumo de combustível no
transporte hidroviário chega a ser até vinte vezes menor do que o equivalente
rodoviário.
Com a implantação
de dispositivos adequados, estima-se que o Brasil poderá dispor de pelo menos
40.000km de hidrovias, equivalentes a cerca de 70% da extensão de nossa malha rodoviária
federal.
→
Marítimo.
O transporte marítimo é o modal mais utilizado no
comércio internacional ou longo curso refere-se ao transporte marítimo
internacional. Inclui tanto os navios que realizam tráfego regular,
pertencentes a Conferências de Frete, Acordos Bilaterais e os outsiders, como
aqueles de rota irregular, os “tramps”.
v Cabotagem, pode vir a ser
interessante, desde que os custos compensem, pois a ampla faixa de costa
brasileira e a possibilidade de transportar grandes quantidades de carga tornam
este transporte com grande potencial de utilização. A cabotagem inclui todo o
transporte marítimo realizado ao longo da costa brasileira do Rio Grande do Sul
até Manaus. Segundo armadores e usuários, o maior problema da cabotagem está na
regulamentação, nos impostos e na infra-estrutura portuária.
→
Rodoviário,
pode ser melhorado e dinamizado, com a remodelação das estradas, dotando-as de
maior segurança e agilidade, para o transporte a pequenas localidades. No Brasil algumas rodovias ainda apresentam estado de
conservação ruim, o que aumenta os custos com manutenção dos veículos. Além
disso, a frota é antiga (aproximadamente 18 anos ) e sujeita a roubo de cargas.
No entanto, é importante
lembrar a menor capacidade de carga e maior custo operacional, comparado ao
ferroviário ou aquaviário e a diminuição da eficiência das estradas em épocas
de grandes congestionamentos. O
transporte rodoviário caracteriza-se pela simplicidade de funcionamento.
→ Aéreo, é o transporte
adequado para mercadorias de alto valor agregado, pequenos volumes ou com
urgência na entrega.
O transporte aéreo possui algumas vantagens sobre os demais
modais, pois é mais rápido e seguro e são menores os custos com seguro,
estocagem e embalagem, além de ser mais viável para remessa de amostras, brindes,
bagagem desacompanhada, partes e peças de reposição, mercadoria perecível,
animais.
Tipo de
transporte
|
Vantagens
|
Desvantagens
|
|||
*Aéreo
|
É o transporte mais rápido.
Não necessita embalagem mais
reforçada (manuseio mais cuidadoso);
|
Menor capacidade de carga.
Valor do frete mais elevado em
relação aos outros modais.
|
|||
*Ferroviário
|
Adequado para longas
distâncias e grandes quantidades.
Menor custo de seguro.
Menor custo de frete.
|
Diferença na largura de
bitolas;
Menor flexibilidade no
trajeto;
Necessidade maior de
transporto
|
|||
*Marítimo
|
|
Necessidade de transbordo nos portos
Distância
dos centros de produção
Maior
exigência de embalagens
Menor flexibilidade nos serviços aliado a freqüentes
congestionamentos nos portos
|
|||
*Rodoviário
|
Fretes mais altos em alguns casos.
Menor capacidade de carga entre todos os outros modais.
Menos competitivo para longas distâncias
|
Adequado para curtas e médias distâncias.
Simplicidade no atendimento das demandas e agilidade no acesso
às cargas.
Menor manuseio da carga e menor exigência de embalagem. Serviço
porta-a-porta: mercadoria sofre apenas uma operação de carga (ponto de
origem) e outra de descarga (local de destino).
Maior freqüência e disponibilidade de vias de acesso.
Maior agilidade e flexibilidade na manipulação das cargas.
Facilidade na substituição de veículos, no caso de acidente ou quebra.
Ideal para curtas e médias distâncias.
|
|||
**Fluvial
|
Econômico.
Menor
consumo de combustível.
|
Velocidade
mais baixa quando comparada a outros meios.
|
|||
Tabela 3-
Características dos diferentes meios de transporte. Fonte: *FIESP e **Senado Federal.
Projeto Logístico brasileiro. O Brasil deveria planejar o seu
crescimento através de uma boa infraestrutura. Logística depende de infraestrutura.
Mas o que seria isto? Deveríamos ter um plano de construção de um projeto
logístico com investimentos em:
→ armazéns localizados em pontos
estratégicos,
→ centros de distribuição e apoio,
→ implantação de hidrovias,
→ implantação de ferrovias,
→ implantação de navegação por
cabotagem,
→ redefinição da malha rodoviária
brasileira,
→ Redistribuição da estrutura. Tem que haver uma desconcentração dos centros
logísticos de distribuição, com alocação desta estrutura em diferentes pontos
do território, mas para isso há a necessidade de investimentos governamentais.
Esta atitude fortalecerá o transporte e a distribuição de bens através do
país.
→ Aumentar a profissionalização do
setor, com ênfase em empresas capacitadas por entidades ou sindicatos do setor.
→ Multimodalidade. Esta é uma atividade
que aumenta a produtividade e reduz os custos, se bem administrada. A falta de
complementaridade entre os meios de transporte direciona o transporte para o
rodoviário, aumenta seus custos.
As diferentes
modalidades de transporte podem ser úteis para compor os elementos ideais,
referentes a prazo de entrega, qualidade e preço. O exemplo abaixo é um das
inúmeras composições modais disponíveis, em inúmeros países, para alcançar os
objetivos da logística.
----------- : Trechos cobertos por caminhão.
_______ : Trechos cobertos por navio.
.............. : Trechos cobertos por trem.
Figura 7- Combinações
multimodais no percurso Paris-Detroit. Fonte Antonio Galvão Novaes.
→ Implantação de um sistema de sistema
de prevenção ao roubo e ao furto de veículos e cargas. Melhorar o patrulhamento
de estradas, com policiais rodoviários bem remunerados em número suficiente a
cada rodovia.
Centros de formação profissional,
capacitação e treinamento. É
necessário preparar mão de obra qualificada para estas atividades. O
crescimento do país não foi acompanhado pela melhoria da mão de obra, não
apenas no transporte, mas na maioria das atividades profissionais no Brasil. Há
uma grande deficiência de profissionais. Assim, devem ser feitos investimentos
em centros especializados de preparação e formação de profissionais para estas
áreas, que também atuariam na reciclagem e treinamento constante dos
profissionais.
Investimentos governamentais na área.
Ação governamental Melhora e a ampliação
da estrutura existente (rodovias,
portos, aeroportos)
6 – Tendências em logística
A
atual era do desenvolvimento por que passa a humanidade é a era da informação e
da comunicação, baseada nas tecnologias eletrônicas de transmissão e na disseminação
da informação, tendo no computador seu representante principal. Esta era está sendo
caracterizada por oito mudanças¹:
- Vida mais curta do produto;
- Maior variedade de produtos;
- Maior competição;
- Maior custo da mão-de-obra;
- Maior preocupação com a saúde e a
segurança;
- Maior uso de computadores;
- Sistemas de transporte mais
rápidos;
- Estoques menores.
As
práticas de logística deverão evoluir para acompanhar as mudanças que vêm
ocorrendo, principalmente caracterizadas pela independência de fornecedores e
clientes.
O
desafio de melhorar a satisfação dos clientes por meio da melhoria da logística
exige um enfoque totalmente integrado, que incluem a logística interna e a
logística externa. Em muitas empresas, a função da logística é exercida de
forma segregada. A área de vendas, a
área de gestão de estoques, a área de frota, a área de processamento de
pedidos, a área de compras, a área de planejamento, a área de reclamações,
operam independentemente. Todos os componentes do processo logístico precisam
trabalhar orientados por um núcleo central, de modo que cada departamento seja
uma parte de uma engrenagem chamada logística.
Uma das
formas para aumentar a eficiência dos processos de logística, a qualidade, a
redução dos custos e melhorar a satisfação dos clientes é tratar e administrar
a logística da empresa de forma integrada.
Alguns
autores dividem-na em:
Atividades primárias:
Transporte
Manutenção de estoques
Processamento de pedidos
Atividades de Apoio:
Armazenagem (interna e terceirizada)
Manuseio de materiais
Embalagem de proteção
Compras
Planejamento
Gerenciamento da Informação
Esta
integração pode compreender várias atividades dentro do escopo da logística,
entre elas, o transporte, a armazenagem, o planejamento de produção, compras, a
gestão dos estoques. Na figura abaixo vemos as várias atividades relacionadas
às operações logísticas.
Figura 8- Demonstração das principais atividades que
incorporam as operações logísticas.
Como
a armazenagem e o transporte nesta era da informação estão mudando e se
tornando, cada vez mais, fatores de competitividade e têm influência importante
na composição dos custos administrativos das empresas, é necessário a busca constante pelos processos
mais baratos, mais racionais e flexíveis.
Parte
desta mudança logística tem que ser entendida como uma atividade empresarial
crítica.
Entre os elementos importantes no contexto da
evolução e das mudanças pelas quais passa o processo logístico, estão os
seguintes, segundo alguns autores:
1- Controle dos custos
A
tendência de aumentos nos custos de armazenagem (custo do capital) e de transporte
(impostos, combustíveis) seguiá pressionando os custos gerais das operações
logísticas.
Para
ser competitivo em longo prazo, é preciso reduzir os custos operacionais, ao
mesmo tempo em que aumenta a qualidade.
2-
Estocagem inteligente
O
conceito de operar com estoques baixos, com uma mentalidade
"just-in-time", significa que a empresa deve transformar seu conceito
de estocagem de uma restrita atividade de “guarda” para uma função de
“estágio”.
3.
Redução dos tempos de ciclo
O
serviço ao cliente é chave para o sucesso atual e, para melhorar o serviço, é preciso
reduzir o tempo de ciclo operacional, a fim de satisfazer às necessidades dos
clientes cada vez mais exigentes.
4.
Redução do espaço
Para
ser um produtor eficiente de classe mundial é necessário obter o máximo de
eficiência das instalações atuais. Isso inclui fazer o uso ótimo do espaço
volumétrico do edifício, ao mesmo tempo em que mantém a flexibilidade das
operações.
5.
Separação produtiva
Considerando
a importância do serviço ao cliente, a separação acurada e oportuna dos itens e
a montagem dos pedidos são cruciais. A separação produtiva significa alta
acuracidade, bem como alta velocidade.
6. Treinamento
e capacitação de funcionários
As pessoas
que trabalharão em ambientes automatizados e informatizados necessitarão serem
mais bem preparadas. Capacitação constante será uma necessidade.
7.
Informação – gerenciar dados
Quanto
mais precisas forem as informações disponibilizadas, maiores as chances de
operar dentro dos limites ótimos da eficiência. As organizações têm que fornecer
um fluxo de informações acuradas e em tempo real, condizente com o fluxo de
materiais circulante por toda a fábrica. Tais dados podem ser utilizados no
chão-de-fábrica ou integrados aos sistemas globais de informações da empresa.
Além disso, os gestores devem saber tratar e filtrar as informações recebidas,
a um tempo razoável , não impactando negativamente nos processos.
8.
Tecnologia
A
empresa tem que ter a sua atenção voltada à inovação tecnológica, analisando a
oportunidade e viabilidade de incorporá-las ao seu negócio.
Recursos
atualizados da informática e automatização das atividades são tecnologias que
devem ser analisadas.
Nem
sempre a automação de processos e atividades significa maior produtividade e
rentabilidade. Em certas empresas pode ser viável a manutenção de processos com
pouca automação. A tecnologia deve levar
à redução de custos, redução de estoques e agilidade de operações. Algumas
tecnologias que poderão evoluir nos próximos anos:
→
Paperless:
redução do uso de papel, maior uso da tecnologia da informação com consequente
virtualidade dos processos.
→
Transelevadores:
Sistemas de estocagem automatizados.
→
Transportadores
contínuos: automação propiciará aumento de produtividade e menor índice de
falhas.
→
Robôs:
Assunção de trabalhos humanos delicados ou perigosos.
→
Sistemas
de gerenciamento dos processos: sistemas de gerenciamento nas etapas do fluxo
de materiais, como WMS, TMS.
9.
Tendências geográficas
Tendência
de crescimento da economia em certas regiões (norte, nordeste) contra
estabilização ou crescimento menor em outras.
Deslocamento
de pontos de fabricação de produtos de algumas regiões para outras: apesar de o
sudeste concentra a maior parte da produção, outras regiões começam a despontar
no cenário manufatureiro e da distribuição (centro-oeste).
Aumento na maior diversidade de produtos por
região ou produtos específicos por região.
10.
Transporte
Aéreo: redução no custo do transporte aéreo
pode torná-lo competitivo, pois possui a vantagem da rapidez.
Rodoviário: deverá buscar formas de aumentar a
produtividade e redução de custos (novos motores mais econômicos). Aparecimento
de transportadores para operar exclusivamente em âmbito local (curtos
percursos).
Ferroviário: construção de ferrovias por meio de
projetos viáveis de lucratividade. Integração com outros modais.
Aquaviários: aumento de tecnologia para aumentar
a velocidade. Aumento de tecnologia para acelerar a carga e descarga.
Integração com outros modais.
Integração entre os modais: fundamental para aumentar a rapidez
e a eficiência e reduzir os custos.
11. FlexibilidadeO surgimento de novos produtos, novos entrantes, acirramento da concorrência, novas crises, novos fatores econômicos, tudo isto pode alterar as condições e posições de mercado muito rapidamente. As cadeias de suprimento bem sucedidas deverão ter grande flexibilidade para enfrentar as rápidas mudanças, seja em termos de demanda ou de fluxo produtivo. Esta atitude pró-ativa poderá trazer um diferencial competitivo fundamental para as empresas atuarem.
A criação de alianças e parcerias em segmentos de interesse, entre parceiros, clientes e fornecedores, poderá estabelecer relacionamentos produtivos, baseados na confiança mútua.
12. Qualidade
Investimentos na qualidade dos serviços devem ser feitos em todas as áreas da logística. Para acompanhar as exigências regulatórias e as exigências do próprio mercado, as empresas terão a necessidade de implantar políticas de melhoria dos serviços prestados.
No âmbito destes investimentos, podemos elencar uma série de áreas que devem receber atenção dos gestores:
v
Implantação
de sistema de gestão da qualidade eficaz,
v
Implantação
de processo de auditoria interna e externa como forma de avaliar seu sistema de
gestão da qualidade,
v
Programa
de investigação de falhas e defeitos, com implantação de ações corretivas e preventivas,
v
Programa
anual para suprir as necessidades de treinamentos eficazes dos colaboradores,
v
Determinação
de processos mais simples,
v
Padronização
de procedimentos operacionais,
v
Implantação
de processos de melhoria contínua, para revisão constante do sistema de gestão
da qualidade e dos processos,
v
Análise
das tecnologias disponíveis e que visem à automação de processos, redução de
erros, eliminação de tarefas repetitivas, redução de escrituração manual, entre
outros benefícios ligados ao aumento da qualidade.
7-
CONCLUSÕES
Pelos dados e análises apresentadas vemos que o Brasil necessita
implantar um projeto de vulto para a área logística nacional. Este plano deve focar
nas diferentes áreas, desde a armazenagem, capacitação, organização, gestão de
logística no nível estatal de operação, investimentos na ampliação de
hidrovias, ferrovias, transporte aéreo, transporte marítimo, ampliação e
melhorias na rede rodoviária nacional, dotação de estrutura aeroportuária
compatível com o atual estágio de desenvolvimento e crescimento do Brasil.
O desafio do crescimento e da expansão da economia brasileira tem um dos
seus principais pilares localizado na infraestrutura de transporte,
distribuição e armazenagem de bens de consumo. Não havendo investimentos na
logística, com certeza enfrentaremos problemas que irão comprometer o
desenvolvimento e os avanços nas demais atividades, como a indústria, os
serviços e o comércio.
Estes problemas podem não se restringir aos níveis locais ou nacionais,
mas poderão interferir nas exportações e importações.
O Brasil necessita remover os bloqueios que impedem e retardam o avanço
da economia e, para isso, deve estabelecer um grande projeto logístico para
sustentar o crescimento que se espera para os próximos anos.
* Texto escrito no Capítulo 01 - Desafios da Logística Farmacêutica no Brasil - para o livro "LOGÍSTICA Farmacêutica Geral - da teoria à prática" dos autores Saulo de Carvalho Júnior e Sonja Helena Madeira Macedo, editora Contento, 2012.
REFERÊNCIAS
1 Gasnier,
Daniel. Logística
não é só transporte. Instituto
IMAM, 2010.
2 Logistics World - What is logistics? – disponível em http://www.logisticsworld.com/logistics.htm, acesso em 7/02/2011.
4 Zardo, Humberto - Boas Práticas de Armazenamento, transporte e
distribuição de medicamentos – 2010.
5 Moretto, LD & Calixto, J - Boas
Práticas de Armazenagem e Transporte na Indústria Farmacêutica – Sindusfarma,
vol. 6, 2009.
6 Macedo, S.H.M.; Carvalho Jr, S. –Logística
Farmacêutica Comentada. Editora Medfarma, 2010
8 Novaes, Antonio G.- Logística e gerenciamento
da cadeia de distribuição 3ª edição, 2007, Editora Elsevier, Rio de Janeiro.
9 Rezende,
A. Carlos; Gasnier, Daniel G.; Carillo Jr, Edson; Banzato, Eduardo; Moura,
Reinaldo A. - Atualidades na Logística, volume 3, IMAM, 1ª edição,
2005, Editora Prol, São Paulo.
10
Rezende, A. Carlos; Gasnier, Daniel G.; Carillo Jr, Edson; Banzato, Eduardo;
Moura, Reinaldo A. - Atualidades na Logística, volume 2, IMAM, 1ª edição,
2004, Editora Prol, São Paulo.
12 RESENDE, Eliseu, Senador. Navegação
fluvial “eclusas criarão novas vias”. Senado
Federal, 2007.
13 FIESP – Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo. www.fiesp.org.br
15 SIMEFRE - Sindicato Interestadual da
Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários.
http://www.simefre.org.br.
16 Lei nº 6.360, de 23 de setembro de
1976.
17 Decreto nº 79.094 de 5 de janeiro
de 1977
18 Lei nº 5991 de 17 de dezembro de
1973
19 RDC nº 17 de
20 MP 2190-34/01
21 Resolução RDC nº 320 de 22/11/2002
22 Resolução RDC nº 55 - de 17 de
março de 2005
23 Portaria 1052 de 29/12/1998
24 Portaria 802 de 8 de outubro de
1998
25 Resolução nº 49/02 de 28/11/2002
26 Resolução RDC nº 329 MS/ANVS de 22
de julho de 1999
27 Portaria nº 12 de 5 de janeiro de
2005
28 Decreto nº 96044 de 18 de maio de
1988.
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