Boas Práticas de Segurança na
Distribuição e Transporte – BPSDT:
evolução no transporte de medicamentos
por
Jair Calixto*
Introdução
As Boas Práticas de Distribuição de medicamentos estão
evoluindo para a adoção das questões relacionadas à segurança no transporte. Já
está sendo utilizado um novo termo, que engloba não somente as Boas Práticas
de Distribuição, mas as Boas Práticas de Segurança na Distribuição e
Transporte – BPSDT. Na Europa e Estados Unidos encontramos empresas de
logística que utilizam diversos mecanismos para proteger a carga contra as mais
diferentes situações de risco ao produto, de maneira a manter sua integridade e
garantir sua eficácia e segurança para o paciente.
O modelo
atual
A distribuição de medicamentos em um país continental tem
diversas nuances e, notadamente no Brasil, a situação é bastante variável,
conforme caminhamos de uma região para outra. A região sul/sudeste, provida de
melhor infraestrutura, aparentemente possui melhor controle sobre a qualidade
do produto, diversamente de outras regiões do país, onde a infraestrutura é um
fator de risco para o produto. Apesar de as regiões sul/sudeste possuírem
melhores condições, ainda verificamos dificuldades nos processos de
distribuição de medicamentos, principalmente naquelas condições relacionadas à
segurança do produto durante o transporte.
Assim, o transporte de medicamentos é realizado sob as
condições atuais, utilizando o transporte por caminhões nas estradas atuais (na
maioria das vezes) e com os modelos de segurança usuais. Note-se que não temos
a multimodalidade praticada com bastante vigor. Ainda é tímido o seu uso.
A necessidade estrutural
A segurança à qual mencionamos anteriormente, refere-se a
várias situações, combinadas ou isoladas, dentre as quais destacam-se:
# a segurança das estradas, tanto na infraestrutura básica
oferecida (parte física), como na vigilância e patrulhamento policiais;
# modal único. Temos urgente necessidade de estimular outros
modais, integrando-os;
# dimensões territoriais do país;
# capacitação dos profissionais;
# mais investimento em tecnologias para controle da carga.
# mais investimentos em tecnologias para rastreamento do
veículo.
# determinação de
estrutura/pontos de interligação logística das cargas.
Para a maioria das atividades ilícitas ou ilegais, a solução
primária e imediata, atuando na raiz do problema, é o combate ao crime, via
fiscalização e atuação policial.
Mas não é o que ocorre na prática, por diversos motivos.
Entre eles a falta de aparelhamento das polícias, a ausência de tecnologias
específicas para combate ao crime, a falta de recursos, materiais e humanos,
entre outros. Trata-se de um problema
envolvendo os setores econômico e social, e que demanda ações conjuntas do
poder público e da iniciativa privada.
Assim, é importante conhecer as tecnologias apropriadas
existentes e suas diversas aplicações, para possibilitar um controle efetivo
sobre os produtos transportados, minimizando as ocorrências. Entre as muitas
soluções disponíveis atualmente, podemos relacionar diversos mecanismos capazes
de atuar em diversas fases do processo. A aplicação de um sistema de captura,
armazenamento e transmissão eletrônica de dados, baseada no uso da tecnologia
favorece a identificação e detecção de produtos oriundos do roubo de carga.
Neste sentido, há que se buscar mecanismos e políticas para
inserir estes novos conceitos na rotina das empresas que operam no setor.
Principalmente porque, neste momento atual, a perspectiva de crescimento dos
produtos biotecnológicos é elevada e este fato, por si só, traz muita
preocupação imediata com a manutenção da qualidade destes produtos. Tais
produtos devem ser mantidos em temperaturas muito baixas ( 2 a 8ºC, -20ºC), fazendo
com que toda a estrutura externa de suporte (armazenagem, distribuição e
transporte) esteja adequada a estas condições específicas. O impacto imediato
disto será a necessidade de os veículos de transporte terrestre, aéreo,
fluvial, ferroviário e naval serem refrigerados ou proporcionarem estrutura
para tal, os pontos de embarque e desembarque da carga possuírem condições
adequadas para recebimento e manuseio da carga, sob estas condições de
temperatura, bem como toda a estrutura de armazenagem operando sob estas
condições.
As tecnologias disponíveis
Diversas tecnologias já estão disponíveis no mercado e estão
a serviço da melhoria das condições do transporte e armazenagem de medicamentos
e já vêm colaborando com as empresas.
O uso de rastreadores de veículos já é executado no exterior
e no Brasil, se bem que ainda necessita de um volume maior no Brasil. Rastreadores
por GPS possibilitam o controle do trajeto do veículo durante seu percurso,
sendo monitorados remotamente e registrando todas as movimentações e eventuais
mudanças de rotas.
A inclusão de sensores de portas, que enviam um sinal a um
controlador com acesso à internet, instalado na cabine do caminhão, permite
saber quando as portas do veículo foram abertas e por quanto tempo ficaram
nestas condições.
Sensores de temperatura nas cargas, muito usados em veículos
não refrigerados, permitem conhecer o perfil da temperatura durante as etapas
de armazenagem, transporte e manuseio, registrando eventuais excursões e
possibilitando descarregar estas informações off-line em um computador, ao
final do trajeto. Sensores com acompanhamento on-line da temperatura interna do
baú caminhão, durante o trajeto, estão disponíveis e possibilitam o registro
das temperaturas da carga remotamente, extraindo dados e checando a
possibilidade de tendência de ocorrência de excursões.
Veículos refrigerados, devidamente qualificados, para
transportar as cargas refrigeradas são exigências, já cumpridas atualmente por
parte dos transportadores, que se farão necessárias nos próximos 10 anos,
devida ao aumento da demanda.
A inclusão de
mecanismos eletrônicos nas embalagens, ajudam no rastreamento dos medicamentos,
individualmente, contribuindo para diminuição do roubo de carga, redução da
entrada de produtos oriundos de contrabandos, de descaminho, de produtos
falsificados ou adulterados e aumentando a garantia da origem segura dos
mesmos.
Assim, em um modelo ideal, o veículo trafegaria sob um
sistema de controle por posicionamento, detectando as paradas programadas e as
não programadas, informando as aberturas de portas e registrando as variações
de temperatura, umidade, impactos e vibrações da carga.
Conclusões
A integração de sensores de portas, sensores de temperatura,
de vibração e geoposicionamento por GPS, colaboram com a manutenção da
integridade, qualidade, segurança e autenticidade do medicamento.
Algum sistema eletrônico incluso nas embalagens (QRCode ou Código
Bi-dimensional) pode se tornar um elemento de alta confiabilidade no trânsito
de mercadorias, auxiliando no controle do estoque e no caminho traçado por elas
durante seu percurso pela cadeia logística.
Com o uso destas ferramentas é provável que haja considerável
contribuição para reduzir roubos, falsificações, desvios, fraudes, descaminhos
e contrabandos dos produtos durante a distribuição e comercialização dos
medicamentos, além de maior segurança e controle sobre a qualidade.
Referências
bibliográficas
(ALMEIDA, 2010) Incorporação de novas
tecnologias de informação em um sistema de distribuição de medicamentos:
avaliação quanto ao aumento da segurança dos pacientes. Silvia Helena Oliveira
de Almeida. Porto Alegre – UFRGS, 2010, 129p.Dissertação (mestrado
profissional). UFRGS. Faculdade de farmácia. Programa de Pós-graduação em
Ciências Farmacêuticas.
(FERNANDEZ, 2012) Marcelo Luis Alves
Fernandez. Escola Politécnica.
10/08/2012. São Paulo, 2012. Avaliação da utilização de documentos fiscais
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(CARVALHO, 2005) Carvalho, ARILSON Coelho - O
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(AMES, SOUZA, 2012). Falsificação de medicamentos no Brasil. Joseane Ames e Daniele Zago Souza. Rev
Saúde Pública 2012;46(1):154-9 Faculdade de Farmácia. Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, Brasil. Programa de
Pós-Graduação em Química. Instituto de Química. Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. III Setor Técnico-Científico. Superintendência
no Estado do Rio Grande do Sul. Departamento de Polícia Federal. Porto Alegre,
RS, Brasil.
(PORTUGAL,
2009) Portugal, Brina; Paulino, M.A.
Falsificação de Medicamentos e Vigilância Sanitária. Pontífice Universidade
Católica de Goiás. Instituto de Estudos Farmacêuticos. Goiás, Brasil. 2009
*Jair Calixto é farmacêutico e
consultor, tendo vivência de 50 anos na área farmacêutica.
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