Indústria 4.0
Introdução
Recentemente temos visto proliferar uma quantidade grande
de artigos e matérias, em revistas técnicas especializadas e na internet, a
respeito de temas ligados à tecnologia da informação e, alguns destes termos têm
chamado a atenção pela novidade e ineditismo, como Indústria 4.0, Digitização, Internet das Coisas e 4ª Revolução Industrial.
Mas o que significam estes termos e o que eles têm a ver com a indústria farmacêutica? Qual o ineditismo disso?
Em primeiro lugar temos que buscar as definições de cada um deles para, posteriormente, situá-los no contexto das atividades industriais e na nossa vida cotidiana.
Mas o que significam estes termos e o que eles têm a ver com a indústria farmacêutica? Qual o ineditismo disso?
Em primeiro lugar temos que buscar as definições de cada um deles para, posteriormente, situá-los no contexto das atividades industriais e na nossa vida cotidiana.
Comecemos com Internet das Coisas
(IoT). Segundo o conhecimento difundido atualmente, é o emprego da internet
como plataforma de intercâmbio de informações, permitindo a comunicação entre
um número ilimitado de dispositivos, dando origem ao que se convencionou chamar
Internet das Coisas, ou IoT, na sigla em inglês. Em resumo é a incorporação de
serviços digitais nos produtos (Product Service Systems).
Uma outra definição encontrada no Wikipedia*, diz o seguinte: Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things) é uma revolução tecnológica a fim de conectar aparelhos eletrônicos do dia-a-dia, como aparelhos eletrodomésticos a máquinas industriais e meios de transporte à Internet, cujo desenvolvimento depende da inovação técnica dinâmica em campos tão importantes como os sensores wireless e a nanotecnologia.
Uma outra definição encontrada no Wikipedia*, diz o seguinte: Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things) é uma revolução tecnológica a fim de conectar aparelhos eletrônicos do dia-a-dia, como aparelhos eletrodomésticos a máquinas industriais e meios de transporte à Internet, cujo desenvolvimento depende da inovação técnica dinâmica em campos tão importantes como os sensores wireless e a nanotecnologia.
*Conforme apresentado
em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Internet_das_Coisas.
Indústria
4.0 é a incorporação, em alta velocidade, da digitalização às atividades
industriais, automatizando tarefas e serviços, antes realizados manualmente. O controle da produção ocorre com o uso de
sensores e equipamentos conectados em rede e com o uso de sistemas. É a 4ª Revolução Industrial.
Digitização**. Você não está lendo uma palavra digitada erroneamente.
Não é digitação, mas di-gi-ti-za-ção.
São serviços que tiram partido do contexto, da rede e dos
dados para darem resposta rápida às necessidades dos consumidores. Uber, Hyp,
Airbnb, Crowdmed, Coursera, Peadpod são alguns dos exemplos da digitização em
curso.
** Conforme apresentado na
seguinte referência: http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/internet/2015-06-10-Digitizacao-vem-ai-um-admiravel-mundo-novo.-Outra-vez.
A digitização é a consequência imediata da Internet das Coisas,
convertendo na virtualização de muitos dos serviços e atividades providas
atualmente em meio físico.
Esta nova visão das tecnologias disponíveis no mundo atual prevê a integração
entre:
- sistemas com qualquer máquina/equipamento (“coisas”),
- sistemas com as pessoas e
- sistemas com outros sistemas.
É uma integração de processos, sistemas, dados e pessoas. Neste modelo
as pessoas possuem mais poder de decisão sobre a utilização de determinados
serviços. É quase que uma apropriação da atividade exercida por terceiros.
Conclui-se, obviamente, que os processos e atividades não automáticos serão automatizados
também e de maneira muito veloz!
O que se convencionou chamar de Internet
das coisas é a conexão de sistemas de tecnologias digitais com aparelhos,
máquinas e equipamentos ligados à internet.
O benefício desta concepção é a automatização e digitização de
processos e atividades, provendo-os de agilidade e velocidade na apresentação
de resultados.
Figura 1 – Integração entre “coisas”, sistemas, pessoas.
Aplicações
Quais
são as aplicações destas “novidades” no mundo real?
Sempre que uma ideia inovadora é posta em discussão, logo surgem as
descrenças e dúvidas. Mas as pessoas demoram a perceber o avanço das
tecnologias extremamente inovadoras. Quando elas desapontam, causam espanto
generalizado. O gráfico abaixo mostra o ciclo de aplicação de uma nova
tecnologia e sua percepção/adoção pelas pessoas.
Gráfico 1- Percepção das pessoas em relação à entrada de uma nova
tecnologia. Ref.: Gustavo Caetano⁵
Sempre
quando uma tecnologia extremamente inovadora aparece, permeiam as discussões o
questionamento da real aplicabilidade destes conceitos novos para a realidade
das empresas e isto é natural, pois ninguém quer ter seu status quo, sua rotina ou área de conforto, alterados. A mudança
assusta as pessoas. Porém, algumas dessas inovações já são concretas (estão em
acelerado processo de implantação), já estão desenvolvidas ou estão em franco desenvolvimento.
São exemplos desta nova realidade:
- Os Softwares-Aplicativos,
que tendem a acelerar sua utilização,
- A Inteligência
Artificial,
- Os Veículos
Autônomos – já em testes,
- Os Veículos
Elétricos – já em uso,
- Alta Tecnologia Digital
em Equipamentos Médicos – já em testes,
- Impressora 3D – já
em uso e com potencial de aperfeiçoamento acelerado.
A
IoT e a digitização em massa devem ser os conceitos centrais da nova revolução
industrial, a Indústria 4.0. Sua base é conectar os equipamentos, máquinas,
objetos, sistemas, dados e pessoas, integrando-os em uma rede, cuja finalidade
é aperfeiçoar e acelerar serviços e atividades, proporcionando:
- maior velocidade na realização de tarefas,
- maior confiabilidade,
- maior agilidade na troca de informações,
- maior conhecimento do processo,
- maior capacidade de realização de tarefas,
- execução de tarefas complexas e demoradas,
- substituição de trabalhos manuais,
- maior segurança,
- aumento da produtividade,
- processos mais enxutos,
- substituição de processo custosos e demorados e
- oferta de produtos mais baratos.
Um
dos exemplos dessas aplicações, mencionadas acima, é o projeto DHL/CISCO³, onde
as empilhadeiras, as caixas de produtos, esteiras, máquinas e sistemas de
controle de temperatura estão conectados fornecendo informações sobre
segurança, qualidade, ambiente (temperatura e umidade), operação e movimentação
dentro do armazém.
Figura 2- Integração dos meios de produção; conexão
entre os equipamentos, máquinas, objetos, sistemas, dados e pessoas,
integrando-os em uma rede de informações e dados.
Neste novo cenário, é de se prever que, tarefas
repetitivas e que não incorporam valor ao trabalho e ao negócio da empresa
tendem a ser substituídas, dando lugar à automatização de processos e
atividades.
Assim, os softwares, bem como os aplicativos, cuja utilização está em
expansão, desempenham um papel crucial e seu desenvolvimento acelerado evoluirá
para campos onde nunca se pensou que estes sistemas poderiam atuar. Mas não é apenas
isso. Para completar este modelo de desenvolvimento da chamada Indústria 4.0, são necessários
sensores, de todos os tipos e para todas as aplicações. Aqui está o foco desta
inovação: sensores.
Com o desenvolvimento de sensores para as mais diversas aplicações, é
possível pensarmos em qualquer sistema, para qualquer processo, serviço ou
atividade. Um exemplo disso é o software da IBM chamado WATSON, que é capaz de
análises jurídicas com grande precisão.
Mas por que os sensores são tão importantes? Por que eles representam a
tecnologia de aquisição de dados que os sistemas utilizarão para desempenhar
seu papel nos mais diversos campos do conhecimento.
Como exemplo, podemos citar um avanço dos
equipamentos médicos:
Atualmente, para se avaliar os parâmetros
sanguíneos de uma pessoa, deve-se:
(1) Agendar com o laboratório clínico;
(2) Ir ao laboratório na data marcada;
(3) Ser submetido à coleta de sangue;
(4) Fazer análise, com testes específicos, deste sangue, para cada
parâmetro que se quer (Glicose, colesterol, ácido úrico, triglicérides, etc.).
(5) Aguardar alguns dias;
(6) Buscar o resultado ou conseguir pela internet;
(7) Levar ao médico na próxima consulta e obter o diagnóstico.
Quanto tempo terá se passado até que o
paciente saiba do diagnóstico médico? Vinte dias, trinta dias? Por volta disso.
Agora imagine o seguinte:
Um equipamento com sensores nanotecnológicos
colocados em pontos específicos do corpo, sobre a pele, que analisa o sangue e
emite o resultado em questão de minutos, no próprio consultório médico.
Imagine a diferença de tempo!
Alguns
produtos básicos já são conhecidos, como as pulseiras Fitbit, Microsoft Band,
Nike FuelBand. O uso na saúde é uma das milhares de aplicações possíveis da IoT!
Indústria Farmacêutica
E quais as
perspectivas de utilização deste conceito na indústria farmacêutica? Podemos
sonhar com algo assim? Minha resposta é: com certeza! Nenhum setor industrial
estará fora deste circuito. Em muitas atividades, dentro da área industrial,
será possível identificar uma potencial mudança evolutiva e uma aplicação
digital, conforme já falamos anteriormente. Podemos iniciar pela área fabril, mais
precisamente na produção:
(1) PAT. Os avanços do process
analytical technology ainda caminham timidamente, muito por conta da
insegurança e do status quo existente. Mas os conceitos do PAT têm um
forte potencial de aplicabilidade na indústria farmacêutica. Ele é o exemplo
mais claro e concreto com possibilidade de uso do IoT na indústria
farmacêutica. Ele prevê a transferência de análises de Controle de Qualidade
para as linhas de produção, online/inline, por meio de equipamentos
analisadores adequados. O mais comum deles atualmente é o NIR (Infravermelho
próximo). Com o PAT, a economia de tempo de processo será bastante
significativa. Análises de teor, pH, testes de identificação, umidade, poderão
ser realizados no momento em que a produção ocorre, de modo que o produto
poderá ser liberado imediatamente após sua finalização na linha de embalagem.
Estas informações poderão ser coletadas por um sistema central, armazenando as
informações diretamente na pasta do produto. Como os custos de produção
diminuirão, consequentemente, os preços dos medicamentos tenderão a baixar,
beneficiando toda a sociedade.
Figura 3 – Simulação
da aplicação do PAT em linha de produção.
(
(2) MES. Atualmente é utilizado o Manufacturing
Execution Systems, termo usado para designar os sistemas focados no
gerenciamento das atividades de produção e que estabelecem uma ligação direta
entre o planejamento de produção (ERP) e o chão de fábrica. Os sistemas
MES geram informações em tempo real que promovem a otimização de todas as
etapas da produção. O MES pode importar dados de um sistema ERP,
parâmetros para a produção, armazenar tempos de operação (por operador), tempos
de máquinas, componentes usados, material desperdiçado, pode armazenar dados de
qualidade (inspeções, check lists e não conformidades), análise de métricas e
desempenho da produção, controle estatístico do processo (CEP) e de indicadores
de capacidade (Cp, Cpk), entre outras atividades. Assim, os equipamentos do PAT
podem estar conectados ao MES, fornecendo uma gama infindável de informações. Por
sua vez, o MES poderá estar conectado a um sistema central - Big Data Analytics-,
concentrando todas as informações de cada produto, de modo a gerenciar sua
aprovação e liberação para distribuição ao mercado e outras decisões gerenciais.
(3) Dados de Controle de Qualidade. Dados obtidos de softwares específicos do Controle de Qualidade e da Garantia da Qualidade, por exemplo o LIMS, poderão ser transferidos para um Sistema Central (Big Data Analytics) que avaliará os dados e gerenciará a aprovação e liberação do produto para comercialização.
Conclusões
O tema é ainda bastante complexo de entender, mas
com as aplicações sendo postas ao público e às empresas, a compreensão das
pessoas sobre o que é Internet das Coisas se tornará cada vez mais clara em um futuro
muito breve. Sua aplicação e uso na indústria farmacêutica é, a meu ver, muito
desejável, pois a indústria farmacêutica tem um baixo grau de inovação e
automação quando comparada a outros setores da economia.
Os avanços que poderão ser incrementados ao
setor farão a indústria mudar de patamar em termos de produtividade e qualidade
de serviços, adquirindo um nível tecnológico bastante expressivo, aumentando a
segurança dos processos, reduzindo lead-times, aumentando a produtividade,
aumentando a segurança para o paciente e, o melhor de tudo, reduzindo preços de
medicamentos.
Referências
As referências abaixo foram utilizadas como base para a redação
deste artigo.
1 Udo
Gollub. A 4ª Revolução
Industrial já está acontecendo -. http://www.profissaoatitude.com.br/Blog/Post/8058926.
2 Ahmed, Shahid; Chitkara, Raman. The Industrial Internet of Things. PWC, 2016.
3 Macaulay,
James; Buckalew, Lauren, Chung, Gina. Internet of Things in Logistics. A collaborative report by DHL and Cisco on implications and use cases
for the logistics industry. 2015,
Troisdorf, Germany.
4 Sondagem Especial. Indústria 4.0:
novo desafio para a indústria brasileira. Publicação CNI, Ano 17, Número 2,
Abril de 2016.
5 Gustavo Caetano. 12 coisas que
você precisa saber sobre o futuro da tecnologia. Disponível em http://slides.com/gustavocaetano/12-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-o-futuro-da-tecnologia#/5,
acessado em 16.07.2016.
6 Wikipedia. Internet das
coisas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Internet_das_Coisas.
Acessado em 16.07.2016.
7 Revista Exame. Digitização.
Vem aí um admirável mundo novo. Outra vez.
http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/internet/2015-06-10-Digitizacao-vem-ai-um-admiravel-mundo-novo.-Outra-vez.
Acessado em 16.07.2016.